“Querem assassinar-me”, diz director-geral da Sonauto

“Após incessantes perseguições e tentativas de assassinato, perpetradas como embustes de assaltos contra mim, sendo o ultimo há pouco mais de um mês, após uma enorme reflexão, decidi pôr fim a esta situação criminosa de que tenho sido alvo”, afirmou Manuel Dias, director-geral do Grupo Sonauto, ao Folha 8.

O empresário português acusa generais angolanos de “tentativas de homicídio” e queixa-se de perseguição que visa, diz, “ocultar irregularidades no cumprimento de um contrato com o Estado angolano, no valor superior a dez milhões de dólares”.

Manuel Dias, residente em Angola há mais de 14 anos, foi alvo – segundo as suas palavras – “de oito tentativas de assassinato, entre 2012 e 2017, tendo a última ocorrido no dia 4 de Dezembro de 2017”. O empresário, director-geral da Sonauto, garante ter provas documentais que comprovam estas alegações.

“Na tentativa de se apropriarem de forma indevida do contrato e das receitas do trabalho da empresa Sonauto, autoridades angolanas efectuaram uma prisão arbitrária, em 2012, e outras acções de intimidação”, conta Manuel Dias, acrescentando que, “actualmente, para tentar dissuadir a empresa de recorrer à via judicial para receber os valores em dívida, foram executadas emboscadas, como embustes de assaltos que visam atentar contra a minha vida”.

No episódio da prisão “arbitrária, elementos da Polícia detiveram” Manuel Dias em Benguela, “colocando-o numa cela exígua, juntamente com 14 detidos angolanos”, acabando por ser retirado da cela já de madrugada, “após os reclusos terem alertado para as dificuldades em respirar que manifestava”.

Para Manuel Dias, “o objectivo desta detenção no passado entre várias outras acções criminosas que se mantiveram e avolumaram até aos dias de hoje, tem servido para tentar intimidar a empresa, para que não tenha acesso aos valores que solicita receber sobre o contrato de prestação de serviços formalizado entre a Sonauto e as autoridades de Benguela, contrato ganho em concurso público”.

O empresário português afirma que as autoridades angolanas “tudo fizeram para que o contrato fosse entregue ao grupo AngolACA, nomeadamente à empresa Ambiáfrica, controlada pelo General Fernando Andrade, e na qual tinha interesses o anterior chefe da segurança da Casa Militar do ex-Presidente da Republica, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”.

“A Sonauto tentou ver ressarcidos os prejuízos inerentes avançando com várias solicitações aos órgãos de apoio da Presidência da Republica e Procuradoria-Geral da República. A partir dessa data, iniciaram-se as emboscadas e assaltos para me tentar silenciar”, diz Manuel Dias, referindo que a “empresa tentou por todos os meios solucionar o diferendo com as autoridades angolanas, através de cartas à Procuradoria Geral da República de Angola, à DPIC – Direcção Provincial de Investigação Criminal, em Benguela, aos chefes da casa civil da Presidência da República de Angola, durante os mandatos do Presidente José Eduardo dos Santos, e ao Coordenador da Auditoria e Disciplina do MPLA”.

O director-geral da empresa acrescenta que “a Sonauto tentou por todas as vias resolver o diferendo no inicio da execução do contrato com o Governador de então, o General Armando da Cruz Neto, não conseguiu, a empresa continuou a executar o contrato com mais e cem trabalhadores durante trinta e três meses sem receber uma única factura dos serviços que prestava e, já no mandato seguinte do Governador de Benguela, engenheiro Isaac dos Anjos, aceitou uma proposta deste mandatário para receber uma parte do valor em causa proposto para que entregasse o contrato. A empresa aceitou, mas nada cumpriram, continuado os ataques criminosos.”

Recorde-se que, em Outubro do ano passado, foi noticiado que o Grupo Sonauto, empresa de construção civil e obras públicas, iria abrir em Luanda, no início de 2018, um centro de formação profissional destinado aos jovens que pretendam agregar-se aos sectores agrários e da indústria da construção. Os cursos de nível 1 destinam-se a jovens sem escolaridade, os de nível 2 dirigem-se a formandos com o ensino primário concluído e os de nível 3 orientam-se para jovens com ensino médio e carta de condução de pesados.

Questionado sobre os motivos desta iniciativa, o mentor deste projecto e director-geral da Sonauto, Manuel Dias, esclareceu que, há quatro anos, vem solicitando junto de alguns governos provinciais a cedência de terrenos para instalação provisória do centro de formação, que deverá funcionar de forma itinerante pelas províncias do país, através de estruturas modulares com fácil mobilidade e equipados com os materiais de formação necessários.

Recentemente, o Grupo Sonauto conseguiu o apoio para a instalação do primeiro centro em Luanda, estando previsto, para Fevereiro de 2018, o início do primeiro curso, com a duração de quatro meses, com três turmas de 20 alunos.

Esta iniciativa visa, segundo afirmou na altura Manuel Dias, dar resposta à carência de técnicos qualificados para a operação e manutenção de equipamentos agrícolas ou industriais, que tem provocado avultados prejuízos a todas empresas destes sectores de actividade.

Manuel Dias realçou ainda que, para que seja possível desenvolver agricultura, é imprescindível iniciar rapidamente a formação dos recursos humanos no terreno, já que sem operadores de máquinas e trabalhadores para a respectiva manutenção não será possível realizar qualquer tipo de trabalho com sucesso.

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One Thought to ““Querem assassinar-me”, diz director-geral da Sonauto”

  1. Uamy Mbinja

    É triste a atitude dos supostamente generais, mas é imperioso que os órgãos competentes olhem para está situação e analisem com os olhos de se fazer justiça no sentido de pôr ordem e colocar cada um no seu lugar.

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