Processar vegetais como forma de enfrentar as mudanças climáticas

MOÇAMBIQUE vai inaugurar no próximo ano uma fábrica de processamento agrícola destinada a mitigar os prejuízos causados pelas alterações climáticas.

“Uma mobilização notável de todos os parceiros de desenvolvimento tem ajudado gradualmente a colmatar os danos causados regularmente em Moçambique pelos efeitos da mudança climática”, refere o Banco Africano de Desenvolvimento em comunicado.

Uma fábrica de processamento de 20 a 25 toneladas de vegetais por dia tem inauguração prevista para Junho de 2019 em Xai Xai, capital da província de Gaza, sul do país, para escoar a produção de agricultores que receberam formação em agricultura resistente às mudanças climáticas.

O empreendimento tem como objectivo garantir comercialização e, logo, receitas para agricultores que têm sofrido com secas e inundações, dois dos riscos a que a Moçambique mais está sujeito.

“Moçambique é o terceiro país africano mais sujeito aos efeitos das mudanças climáticas”, destaca o BAD.

Estes riscos já custaram ao país “uma média de 1,1% do PIB e produziram repercussões que vão além do prejuízo económico, atingindo proporções humanitárias: todos os anos, entre 2000 e 2013, três de quatro agricultores moçambicanos perderam colheitas ou gado”, detalha a instituição, ao justificar o investimento na fileira agrícola.

A maioria dos 28 milhões de habitantes de Moçambique pratica agricultura de subsistência.

Em 2012, o BAD investiu 35,2 milhões de dólares em apoio a populações ameaçadas pelas cheias no âmbito do Programa Piloto para Resiliência Climática (PPCR).

O objectivo deste financiamento foi “apoiar a produção agrícola no sul do país e melhorar a qualidade de vida de cerca de 8.200 famílias de agricultores (um total de cerca de 40.000 beneficiários), ajudando-os a enfrentar os impactos de perturbações climáticas”.

A formação em “agricultura inteligente” foi uma das apostas a par da remodelação de infra-estruturas de irrigação e drenagem que permitiram produzir 750 mil toneladas de vegetais em 2016, “metade das quais nas regiões do sul do país”.

Em Agosto, “o banco ajudou o Governo a angariar o equivalente a 38 milhões de euros em apoio ao sector hortícola” e levando à criação de infra-estruturas de comercialização.

O BAD estima que centenas de agricultores tenham adquirido novas competências acerca de gestão de plantações durante todo o ano, irrigação em caso de inundações, manutenção dos níveis de água em caso de seca, combate a ervas daninhas e uso de fertilizantes.

Lusa

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