Polícia continua a prender activistas em Cabinda

CABINDA. Pelo menos 9 activistas dos direitos humanos ligados à Associação para a Defesa e Cultura dos Direitos Humanos (ADCDH) foram detidos hoje, 15 de Dezembro, às 13 horas, em Cabinda, pela Polícia Nacional (PN).

De entre os activistas detidos, temos: Alexandre Kwanga Nsito (Presidente da ADCDH), Felix Ngonda Baveca, Celestino Manhito (vulgo, Artista), João Muanda, José Hilário Gime, Marcos Lúbuca e Pedro Bumba, para além de outras pessoas presentes, que estavam a fotografar a detenções.

Os activistas preparavam-se para participar na manifestação convocada para hoje, 15 de Dezembro, pela Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos (ADCDH), por ocasião dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Segundo os organizadores, a manifestação foi convocada por causa do actual clima de interdições em Cabinda, para protestar contra a criminalização de manifestações em Cabinda, o sequestro de cidadãos e tortura, exigindo o cumprimento da Lei e do compromisso assumido para com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Neste momento, há uma verdadeira caça ao homem, em Cabinda. A PN está a deter todos os activistas ligados ao ADCDH, na antiga praça das madeiras no bairro Gika.

Cabinda é presentemente o território com mais detenções arbitrárias. O actual Governador de Cabinda recorre à habitual maquinaria de violência – controlo de consciências, repressão física ou psicológica, detenções arbitrárias, ameaças, espia e bufaria dos cidadãos para reprimir toda a contestação ou oposição. Desde a sua nomeação ao cargo de Governador de Cabinda foram reprimidas todas as tentativas de manifestação e detidos pelo menos, 66 cidadãos de Cabinda.

Já ninguém se entende, não se chegando a compreender as mudanças que o novo Presidente de Angola, João Lourenço está a operar. Só neste mês de Dezembro foram impedidas duas manifestações, e detidos pelo menos 12 activistas dos direitos humanos e outros cidadãos.

Ao menos vamos sabendo que vivemos num Estado de Direito Democrático, que João Lourenço está operando reformas democráticas, enquanto os activistas dos direitos humanos, em especial os de Cabinda são vítimas de detenções arbitrárias pelo simples facto de reclamar direitos que os ligam à sua terra.

José Marcos Mavungo
Activista dos Direitos Humanos

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