Em comunicado enviado ao Folha 8, intitulado “Mensagem ao povo de Cabinda”, a FLEC-FAC recorda as palavras de João Lourenço para concluir que, feitas as contas, tudo continua na mesma ou pior. Eis, na íntegra, o texto assinado pelo comandante das FAC, Matete Dias Luís José:
«A todos os cabindeses do mundo inteiro onde quer que vocês se encontram, em nome do Presidente Emmanuel Nzita e de toda a direcção política na Europa como aqui nas zonas libertada, e em nome de todos os mártires do povo de Cabinda, do centro do Alto Comando das Forças Armadas Cabindesas e por ocasião deste final de ano, tomamos a palavra para vos dizer o seguinte.
Já se passou mais de um ano e meio desde que o Presidente Angolano prometeu fazer de Cabinda, uma terra onde seria bom viver, e ao mesmo tempo seu governador disse que era urgente rever o tal Estatuto Especial para Cabinda.
E no meio de todas estas palavras sem resultados, as autoridades angolanas continuam a ignorar os nossos apelos de abertura para um diálogo franco e inclusivo que sempre pedimos para juntos trabalharmos em direcção a um verdadeiro processo de paz.
Mas sem desistir da nossa missão de defender a integridade do território de Cabinda e o nosso direito à autodeterminação, reiteramos a todo o povo de Cabinda que permanecemos unidos e firmes na nossa determinação de resistir às forças do mal de onde elas vierem e de não cruzar os braços perante a opressão.
Ao Presidente Emmanuel Nzita e a toda a direcção política, pedimos que continuem a redobrar os esforços na acção diplomática, com sabedoria e inteligência, a fim de conduzir este povo e este território ao seu digno destino político, através de decisões políticas que devem ter em conta o estado actual do mundo, e sempre em alerta aos últimos desenvolvimentos da situação política na sub-região, que actualmente é muito tensa.
A luta de libertação pelo nosso direito à autodeterminação não deve ser transformada num trampolim de interesses individuais para alguns e um sacrifício supremo para outros, mas toda e qualquer decisão política a ser tomada deve, acima de tudo, garantir os interesses colectivos do nosso povo.
Na miséria em que o nosso povo se encontra, e não podendo desejar-lhe votos de um feliz natal ou de ano novo, podem crer que continuaremos firmes e determinados no cumprimento da nossa missão de defender o território de Cabinda e o seu povo, mesmo que seja necessário o sacrifício de nossas vidas…
Pátria imortal, venceremos, Viva a FLEC-FAC e que Deus abençoa Cabinda.»