O jornal mais respeitado dos Estados Unidos da América (The New York Times), abre a sua secção de Opinião a um qualificado analista, Mark Weisbrot, antes de ter início o julgamento do ex-Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, que teve início hoje, no Tribunal Regional Federal 4, em Porto Alegre.
Lula é acusado de ter recebido um apartamento na localidade de Guarujá da empreiteira OAS, a troco de favorecimento de contratos na Petrobras.
Na primeira instância foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, sem qualquer prova, sustentando apenas a decisão de mais de nove anos com a simples interpretações e suspeições. E essa incoerência jurídica, vinda do juiz, foi por ele mesmo textualizada, quando os advogados de defesa lhe pediram a clarificação.
Assim, tem-se um julgamento carente de provas, apenas sustentadas na delação premiada de um arguido preso que alterou o seu depoimento inicial depois de lhe ser garantido um acordo mas, desde que mencionasse o nome do antigo chefe de Estado como pessoa a beneficiar do apartamento, que nunca utilizou, nem chegou a ter contrato promessa.
Mais, o caricato é o imóvel servir de garantia bancária da própria empresa, OAS, logo não poderia nunca estar na esfera jurídico-patrimonial de Luiz Inácio Lula da Silva.
São essas incongruências que levam a maioria dos juristas e políticos a criticar a consistência da condenação do político mais popular do Brasil, como se a “lógica mãe” do julgamento seja a do seu crime ter sido o de ser o primeiro presidente de Esquerda a assumir o poder e ter retirado da extrema pobreza mais de 25 milhões de pobres, catapultando-os para a classe média.
Daí a pertinência de apresentarmos o artigo do colunista americano, que ora reproduzimos com o sugestivo título: “Democracia brasileira empurrada para o abismo”.
Este reputado economista que é colunista reputado, no The New York Times, analisa a situação da democracia brasileira. Ele abre o texto afirmando que o Estado de Direito e a independência do Judiciário é algo susceptível a mudanças bruscas em vários países.
No Brasil, “uma democracia jovem”, o que poderia ser um grande avanço quando o Partido dos Trabalhadores garantiu independência ao Judiciário para investigar políticos, acabou por se transformar no oposto, escreve Weisbrot. Para ele, como resultado, “a democracia brasileira é agora mais frágil do que era logo quando acabou a ditadura militar”.
O texto, afirma que, nas vésperas do julgamento de Lula, não há muita esperança de que a decisão seja “imparcial”, uma vez que um dos juízes já afirmou que a decisão de condenar Lula foi “tecnicamente irrepreensível”.
Para o autor americano, as evidências contra Lula são frágeis e estão abaixo dos padrões que seriam levados a sério, por exemplo, pela Justiça norte-americana.
Ele afirma, ainda, que o Estado de Direito no Brasil já foi atingido em 2016 com o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Conclui que o mais importante talvez é o facto de que o Brasil se terá transformado num país com uma forma mais “limitada” de democracia eleitoral, no qual um “judiciário politizado” pode excluir um líder popular de uma disputa presidencial.
https://www.nytimes.com/es/2018/01/23/opinion-weisbrot-brasil-lula-democracia-apelacion/?ref=en-US
Devo concordar com a resposta do leitor Jorge.
Petrobrás, Copa do Mundo, Olimpíadas, Odebrecht, OAS, empréstimos fantasmas a “países amigos” (inclusive o regime de Angola) a título de caridade (“perdão de dívidas”), transposição do rio São Francisco, Minha
Casa Minha Vida, Bolsa Família (quem fiscaliza os pagamentos? quantos cadastros fantasmas?) etc etc etc.
Os anos de governo Lula e Dilma deixaram um rombo catastrófico na economia brasileira. Puro roubo. Resultado: não há dinheiro para a saúde pública, segurança pública, previdência pública.
Não quero me alongar, mas Jorge está certo: corrupção não gera documentos, mas contra fatos não há argumentos. O Brasil espera que vá todo mundo pra cadeia e aplaude a operação Lava Jato.
Com certeza meus amigos Angolanos não conhecem bem a dinâmica dos fatos que levaram o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva a ser condenado. Uma pergunta pode esclarece-los: como é possível que o presidente da república, que indicou quase TODOS os dirigentes da MAIOR estatal brasileira, não ter conhecimento do que ali acontecia? Se não pecou de fato, pecou por negligência. Corrupção não gera documentos, mas felizmente CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS!!!