Os projectos de desenvolvimento apoiados pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) contribuíram para melhorar a produtividade e a produção das principais culturas básicas, permitindo aos agregados familiares angolanos participar nos projectos para além da agricultura de subsistência, de acordo com os resultados do um novo relatório de avaliação apresentado hoje em Luanda.
O relatório, realizado pelo Escritório Independente de Avaliação do FIDA (IOE), analisa um período de 12 anos, de 2005 a 2017, e avaliou um projecto concluído e três projectos em curso em oito das 18 províncias de Angola, num custo total dos projectos de USD $ 107,3 milhões, dos quais USD $ 54,2 milhões foram financiados pelo FIDA.
Os resultados da avaliação mostram que o FIDA ajudou a melhorar a produção e a produtividade de quatro produtos básicos: feijão, mandioca, milho e batata.
O FIDA está também a contribuir para o desenvolvimento da pesca de capturas de água doce em pequena escala e da aquicultura.
No final do Projecto de Agricultura para Agricultores Familiares Orientados para o Mercado, o Índice de Produção Agrícola (que mede a produção agrícola para cada ano em relação à linha de base definida em 2011) mostrou um aumento na produtividade de 66%.
Entre os sucessos, as capacidades dos funcionários do sistema nacional de extensão agrícola foram significativamente desenvolvidas. Um total de 88 funcionários de extensão do Governo participaram em formações sobre técnicas de produção melhoradas que reforçaram a qualidade de apoio e assistência aos agricultores.
A avaliação destaca as conquistas, bem como as questões que ainda precisam de ser abordadas. “Num país onde 44,2% da população trabalha no sector agrícola, a criação de oportunidades sustentáveis e atraentes nas áreas rurais é crucial. Essa avaliação oferece recomendações valiosas para o caminho a seguir”, disse Óscar A. Garcia, director da IOE.
A avaliação apresenta as recomendações para a futura colaboração entre o FIDA e o Governo Angolano na luta contra a pobreza rural. Uma delas é abordar questões-chave em relação à posse da terra e à agro-ecologia, a fim de promover um sistema alimentar sustentável e justo. Outra é tornar o desenvolvimento de capacidades (nos níveis individual e institucional) um dos pilares e princípios transversais do trabalho do FIDA em Angola.
Óscar Garcia acrescentou: “O relatório mostra que as condições de vida dos agricultores familiares melhoraram, mas também mostra que os mais vulneráveis, como as mulheres e os jovens, não foram totalmente atingidos”.
De fato, a demografia nacional do país mostra que os jovens podem jogar um papel importante no processo de desenvolvimento nacional: As futuras iniciativas entre o FIDA e o Governo devem contribuir para transformar a agricultura em um sector atractivo, onde os jovens possam encontrar oportunidades para um sustento digno e desempenhar funções de liderança nas organizações e associações de agricultores, já que as mulheres estão entre os principais actores-chave da agricultura angolana.