O Governo angolano prevê gastar mais de 260 milhões de euros com a requalificação, nos próximos dois anos, da vila e do santuário da Muxima, empreitadas que envolvem as construtoras de origem portuguesa Somague e Casais.
A informação consta de quatro despachos assinados pelo Presidente João Lourenço, de 19 de Dezembro, autorizando a contratação das construtoras para as empreitadas no maior centro mariano da África subsaariana, nomeadamente a edificação de uma basílica para 4.600 fiéis.
Um dos despachos, que surge na sequência do concurso limitado por prévia qualificação lançado em Julho, envolve especificamente a construção da Basílica de Nossa Senhora da Muxima, a 130 quilómetros de Luanda, e áreas contíguas. O documento autoriza o director do Gabinete de Obras Especiais a celebrar o contrato de empreitada com o agrupamento de empresas Sacyr Somague Angola e Griner Engenharia, por 40.168 milhões de kwanzas (115 milhões de euros).
Um segundo despacho autoriza a empreitada de construção das infra-estruturas da vila da Muxima, por 50.624 milhões de kwanzas (145 milhões de euros), pelo agrupamento de empresas Casais Angola e Omatapalo.
Outros dois despachos autorizam as empreitadas de fiscalização às obras à Progest, por 127 milhões de kwanzas (365 mil euros), e à Dar Angola Consultoria, por 699 milhões de kwanzas (dois milhões de euros).
O actual projecto do Grupo de Obras Especiais para a Muxima, definido em 2014 pelo ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, exclui obras importantes de requalificação, razão pela qual será necessário englobar a restauração de edifícios existentes, como o templo da Igreja Católica e o Forte da Muxima, monumentos construídos durante a ocupação portuguesa.
Este projecto foi lançado em 2008 pelo então Presidente José Eduardo dos Santos que, cerca de um ano depois, aquando da visita pastoral de Bento XVI a Angola, mostrou a maqueta ao papa e ofereceu a futura basílica à Santa Sé.
A vila foi ocupada pelos portugueses em 1589, que, dez anos depois, construíram a fortaleza e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como “Mamã Muxima”, que na língua nacional quimbundu significa “coração”.
O projecto visa a intervenção numa área de 40 hectares e só a basílica será edificada num espaço de 18.000 metros quadrados, tendo capacidade para acomodar 4.600 pessoas sentadas, bem como o seu arranjo urbanístico. Prevê, no exterior da basílica, a construção de uma praça pública para receber até 200.000 peregrinos.
Envolve ainda infra-estruturas rodoviárias em torno do perímetro do santuário e áreas de estacionamento para 3.000 viaturas.
A vila da Muxima transformou-se no maior centro mariano da África subsaariana, mas o templo actual tem apenas capacidade para 600 pessoas sentadas, insuficiente, por exemplo, para a anual peregrinação de Setembro que leva àquela vila, junto ao rio Kwanza, mais de um milhão de fiéis.
O executivo angolano decidiu, em Outubro de 2014, reestruturar o projecto do novo santuário, da autoria do arquitecto português Júlio Quaresma, prevendo a implantação do novo santuário numa área de 18.352 metros quadrados, tendo a nova catedral capacidade para acomodar 4.600 devotos sentados, além de contemplar a construção da vila Nossa Senhora da Muxima.
Notícia de Janeiro de 2015
As obras de requalificação da vila angolana de Muxima, considerado o maior centro mariano da África subsaariana, vão permitir transformar aquele santuário no primeiro com o estatuto nacional em Angola, por decisão da Igreja Católica.
A informação foi avançada pelo porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST), o arcebispo José Manuel Imbamba, que projecta a conclusão dos trabalhos naquela vila, que dista 130 quilómetros de Luanda, até ao ano de 2020.
“Logo que termine a construção física daquela área, o santuário passará a ser nacional, o primeiro e único. Será elevado a santuário da CEAST”, explicou o arcebispo angolano.
O Presidente José Eduardo dos Santos, criou em Novembro passado uma comissão interministerial para acompanhar e executar o projecto de requalificação daquela vila, que na peregrinação anual de Setembro chega a receber mais de um milhão de fiéis.
“É um processo que vai envolver muita transformação da localidade e por isso está a ser feito com todas os pormenores. O importante é que está em marcha, o santuário vai ser construído e a vila toda requalificada”, defende o porta-voz da CEAST e arcebispo da província de Saurimo.
O Executivo decidiu em Outubro passado reestruturar o projecto do novo santuário, da autoria do arquitecto português Júlio Quaresma, que prevê a implantação do novo santuário numa área de 18.352 metros quadrados, tendo a nova catedral capacidade para acomodar 4.600 devotos sentados, além de contemplar a construção da vila Nossa Senhora da Muxima.
“Penso que é um projecto para realizar dentro de quatro ou cinco anos, face à grandiosidade que envolve”, rematou José Manuel Imbamba.
Folha 8 com Lusa
O Vaticano é um dos Estados mais ricos do planeta. Poderia ser ele a arcar com esse custo astronómico. As igrejas ganham bilhões com isenção de impostos, tráfico de influências, para não falar em negócios menos transparentes que fazem dos cardeais autênticos príncipes. Um Estado que se diz laico como o angolano não deveria patrocinar essa obra faraónica de uma denominação religiosa, mesmo que ela se identifique com a maioria. Outras poderão, e com razão, reivindicar igual tratamento. Esse dinheiro bem que poderia ser canalizado para projetos e investimentos prioritários que não faltam na educação, saúde, economia, saneamento básico, habitação, infraestruturas rodoviárias, etc. E todos sabemos que no final, para o milagre de alguns bolsos, esse valor vai duplicar, se não triplicar ou mesmo quadruplicar.