O vice-procurador-geral da República de Angola disse hoje que já está em tribunal o processo de tentativa de burla ao Estado, no valor de 50.000 milhões de dólares (43.500 milhões de euros), envolvendo cidadãos tailandeses e angolanos.
A informação foi avançada pelo vice-PGR angolano, Mota Liz, à margem do seminário sobre Ocupação Ilegal de Imóveis, destacando que o processo passou por uma fase em que alguns dos acusados requereram instrução contraditória e, no âmbito das leis do processo, o Tribunal Supremo assim procedeu, seguindo o processo a sua tramitação subsequente.
“O Ministério Público vai confirmar a sua acusação, um pouco decorrente também dos elementos colhidos na instrução contraditória”, acto que é facultativo, elucidou Mota Liz.
“Se o acusado ou o Ministério Público entender que há elementos que precisam de ser esclarecidos, podem requerer a instrução contraditória. Neste caso, aconteceu que foi a defesa quem pediu a instrução contraditória e esta fase também já terminou. O processo agora vai seguir os seus trâmites normais e vamos esperar que o juiz se pronuncie ou não, é a faculdade do juiz”, disse.
Mota Liz realçou que o processo será julgado no Tribunal Supremo, porque há, entre os acusados, pessoas e entidades que gozam de “fórum especial”, pelo que a apreciação em primeira mão é feita a esse nível.
Neste caso são arguidas 11 pessoas, sete delas já em prisão preventiva desde 21 de Fevereiro deste ano, sendo seis estrangeiros e cinco angolanos.
Entre os acusados angolanos estão o ex-chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Geraldo Sachipengo Nunda, 65 anos; o general das FAA, José Arsénio Manuel, 62 anos; e o ex-director da Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP) e secretário para a Informação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975), Ernesto Manuel Norberto Garcia, 51 anos.
Do grupo de cidadãos angolanos constam igualmente Celeste de Brito António, 45 anos, e Cristian Albano de Lemos, 49 anos.
O Ministério Público acusou também Raveeroj Ritchchoteanan, 50 anos; Monthita Pribwai, 28 anos; Manin Wantchanon, 25 anos; Theera Buapeng, 29 anos (todos cidadãos da Tailândia); Andre Louis Roy, 65 anos, do Canadá, e Million Isaac Haile, 29 anos, da Eritreia.
Segundo a acusação, a 27 de Novembro de 2017 chegou a Angola um grupo de dez indivíduos, que entrou no país com visto de fronteira e integrava os quatro arguidos tailandeses, bem como Pracha Kanyaprasit, Kanphitchaya Kanyaprasit, Watcharinya Techapingwaranukul, que se encontram em fuga, igualmente oriundos da Tailândia.
A delegação era ainda composta pelo arguido canadiano e pelo seu conterrâneo Pierre Rene Tchio Noukekan (fugitivo) e o japonês Miyazaki Yasuo (igualmente em fuga).
O grupo chefiado por Raveeroj Ritchchoteanan, criador e presidente da alegada fundação mundial com o seu nome, com o fito de erradicar a pobreza e promover educação e saúde de qualidade na Ásia e em África, chegou a Angola por intermédio da arguida Celeste de Brito, que foi estudante na Tailândia, onde conheceu Pierre Rene Tchio Noukekan e com o qual “manteve sempre contacto desde aquele período até à data da sua chegada a Angola”.
O Ministério Público refere na acusação que foi Celeste de Brito quem solicitou cartas às instituições do Estado angolano a convidar a fundação a realizar financiamentos em Angola, tendo antecipadamente sido enviada uma cópia do cheque no valor de 5,2 mil milhões de dólares “para fazer prova da capacidade financeira da empresa”, bem como de vários documentos da empresa Cetennial, sociedade em que é presidente Raveeroj Ritchchoteanan.
O visto de entrada dos cidadãos tailandeses, segundo a acusação, foi solicitado a 7 de nNovembro de 2017 pelo ex-director da UTIP ao Serviço de Migração e Estrangeiros, em nome da empresa de Celeste de Brito.
Segundo a acusação, a 27 de Novembro de 2017 foi realizado um encontro na sede da UTIP com representantes de bancos comerciais, ocasião em que Raveeroj Ritchchoteanan exibiu o cheque de 50 mil milhões de dólares (43,1 mil milhões de euros).
Os arguidos são acusados de vários crimes, nomeadamente de associação criminosa, fabrico e falsidade de títulos de crédito, burla por defraudação na forma frustrada, exercício ilegal de funções públicas, tráfico de influência, promoção e auxílio à emigração ilegal, falsificação de documentos e abuso de poder.
O General Geraldo Sachipengo Nunda é a mais relevante personalidade envolvida. Parafraseando Marcolino Moco, Nunda terá “caído que nem um patinho” na armadilha e, dessa forma, prestado um incomensurável serviço ao MPLA que abominou sempre a escolha de um ex-general da UNITA para dirigir as FAA.
A descoberta desta burla aconteceu no momento de constituição da empresa em Angola, já que para o efeito seria necessária a confirmação do valor que manifestaram existir.
“A entidade competente para esta matéria accionou a sua congénere nas Filipinas, tendo dali obtido a confirmação de que efectivamente aqueles supostos promotores não eram, na verdade, aquilo que deviam ser e muito menos o cheque que foi apresentado era autêntico”, disse o chefe do departamento central do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Tomás Agostinho.
Aquele responsável admitiu que “terá havido uma falha, um erro, de avaliação deste projecto de investimento, apresentado por esses cidadãos estrangeiros da parte da entidade responsável pela captação de investimento”.
Lembrou que a referida intenção mereceu toda uma divulgação pública, o que terá feito passar a ideia de que os 50.000 milhões de dólares, “que se referiram como estando disponíveis para investir no mercado angolano, já era um facto”..
Sob o título “Burla legitimada pela UTIP “exonera” general Nunda”, o Folha 8 escreveu no dia 7 de Março que o Presidente da República teria já chamado o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), general Geraldo Sachipengo Nunda, e ter-lhe-á dito que, em função do mais recente escândalo financeiro, em que está envolvido, seria exonerado.
“O general Nunda informou o Presidente João Lourenço, a este propósito, que perante este caso (do qual se considera também vítima) era já sua intenção pedir a demissão, salvaguardando assim a imagem e a honra das FAA, bem como a honorabilidade do país”, referiu na altura ao Folha 8 um oficial que lhe é próximo.
Embora o general Nunda seja a figura angolana mais relevante a ver-se envolvida neste caso, o certo é que o responsável máximo da Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), Norberto Garcia, deu cobertura e legitimidade aos burlões quando divulgou que os “investidores angolanos e estrangeiros vão poder aceder a um fundo de 50 mil milhões de dólares, da Centennial Energy Thailand, um grupo internacional de investimento e desenvolvimento de projectos comerciais e humanitários”.
Folha 8 com Lusa
Isso, so pode ser em angola !! porque ?? os gatunos vivem libre como se foce nada ? que tipo de governo é este ? . O mpla , ja nao tem vergonha !! so falta que esses matumbos de sair no poder !!