Muitos dos quase 49 milhões de habitantes do Quénia não têm acesso a recursos hídricos aperfeiçoados, dos quais 41% estão dependentes de rios, lagos e poços. Além disso, 59% da população utiliza estruturas de saneamento deficientes. Em África, mais de 60% dos habitantes vivem em condições precárias sem acesso a água potável nem saneamento.
Cerca de meio milhão de residências marginalizadas em Nairobi não tem água suficiente para suprir as suas necessidades básicas. O Conselho Mundial da Água preparou um relatório com recomendações de políticas públicas para promover o saneamento aperfeiçoado nas áreas urbanas.
Nairobi, capital do Quénia, está a sofrer com a escassez de água que coloca em risco os meios de subsistência de quase 3,5 milhões de seus habitantes. O governo de Nairobi afirmou que, em Janeiro de 2018, cerca de meio milhão de residências não tinham acesso a água. Os baixos níveis do ano passado deixaram a cidade numa situação crítica: a capital está prestes a viver um cenário semelhante ao da Cidade do Cabo, na África do Sul, se as chuvas de Abril não encherem as reservas de água já em declínio.
O principal reservatório de água de Nairobi, a barragem de Ndakaini, já estava com menos da metade de sua capacidade no ano passado, com apenas 40% da capacidade em Fevereiro de 2017. A situação exigiu medidas drásticas como o racionamento doméstico desde Janeiro deste ano para evitar uma severa crise hídrica. Os bairros mais pobres de Nairobi estão particularmente em risco, uma vez que a escassez de água aumenta a probabilidade de propagação de doenças como febre tifóide, disenteria e cólera, todas ligadas ao saneamento deficiente. Corrobore-se que, em África, mais de 60% da população vive em condições precárias, sem acesso a água potável e saneamento.
O saneamento foi um dos sectores com pior desempenho entre aqueles monitorados pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Os governos devem pensar de forma diferente, a sociedade deve inovar e os cidadãos devem agir. Para que a meta 6 dos ODM seja alcançada, garantindo a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para toda a população, todos os envolvidos no saneamento têm um papel a desempenhar.
O Conselho Mundial da Água apela à coragem de ministros e autoridades para adoptar novas recomendações de políticas públicas radicais. Os ganhos marginais não serão suficientes para fornecer serviços de saneamento para os 3 mil milhões de pessoas adicionais que as cidades deverão receber até 2030. O progresso incremental não irá acompanhar a rápida e contínua urbanização. Por esta razão, um foco nos serviços de saneamento urbano é lógico e necessário, ainda mais tendo em conta os retornos sociais e económicos muito mais promissores que podem trazer.
“Precisamos procurar formas de cooperação para enfrentar o desafio do saneamento, encontrar soluções financeiras e técnicas vantajosas e aumentar a vontade política para priorizar os serviços de saneamento. Isto é particularmente importante em África, onde há muito trabalho a ser feito em termos de infra-estrutura do saneamento. Devemos persistir nesta tentativa de encorajar a cooperação e o desenvolvimento, para que toda a região possa se beneficiar e continuar no caminho do desenvolvimento sustentável”, explica o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.
Na preparação para o Fórum Mundial da Água, o Conselho Mundial da Água preparou um relatório completo designado “Aumentando Fluxos Financeiros para o Saneamento Urbano”, onde destacou soluções e recomendações políticas para incentivar o saneamento aperfeiçoado e o financiamento adequado.
O relatório baseia-se numa série de estudos nos casos de cidades que sofrem com problemas de saneamento urbano, como a própria Nairobi no Quénia e as cidades Dakar no Senegal, Durban na África do Sul e Bogotá na Colômbia. O relatório destaca a situação da falta de financiamento para um saneamento adequado em oito cidades distintas.
O Fórum Mundial da Água representa um ponto de encontro internacional para discutir problemas relacionados com a água e encontrar soluções para os problemas hídricos mais urgentes do planeta, incluindo o aumento dos fluxos financeiros para o saneamento urbano. O Fórum Mundial da Água será realizado na capital brasileira, Brasília, entre os dias 18 e 23 de Março de 2018, sob o abrangente tema “Partilhando Água”, à luz do papel da água na união das comunidades e na destruição das barreiras que nos dividem.
O Conselho Mundial da Água convida a todos para o maior evento relacionado à água do mundo, que reunirá chefes de estado, ministros, decisores de alto nível, especialistas e profissionais do sector hídrico, autoridades locais e académicos.
Fundada pelo Conselho Mundial da Água, o Fórum Mundial da Água coloca a água no centro do desenvolvimento global, representa um apelo à acção para garantir o futuro da água e, consequentemente, da humanidade.
O Conselho Mundial da Água (World Water Council – WWC) é uma organização internacional composta por diversas partes interessadas, fundadora e co-organizadora do Fórum Mundial da Água.
A missão do Conselho visa mobilizar para questões críticas sobre a água em todos os níveis, incluindo o mais alto nível de decisão, envolvendo pessoas no debate e desafiando o pensamento convencional. O Conselho está focado na dimensão política da segurança da água, bem como sua adaptação e sustentabilidade, e trabalha para incluir o tema no topo da agenda política mundial. Com sede em Marselha, França, e criado em 1996, o Conselho Mundial da Água agrega mais de 300 organizações-membro provenientes de mais de 50 países.