O ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social angolano defendeu hoje a criação de parcerias internacionais, antecedida de medidas que vão facilitar o processo, como a simplificação na emissão de vistos, para a atracção de mais turistas. Mais um arsenal de pólvora seca descoberto pelos peritos escolhidos por José Eduardo dos Santos. Perdão, por João Lourenço…
Manuel Nunes Júnior fez hoje a abertura da 1ª reunião ordinária da Comissão Multissectorial da Hotelaria e Turismo, na qual participaram os titulares das pastas da Cultura, Ambiente, Juventude e Desportos, Agricultura, Interior, Finanças, Relações Exteriores, Saúde, Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Comércio, Comunicação Social, Transportes e Energia e Águas.
O governante referiu ainda que a necessidade de se proceder ao mapeamento, cadastramento e organização dos recursos turísticos existentes em Angola, bem como segmentar os mercados emissores de turistas e categorizar os produtos turísticos angolanos.
Para Manuel Nunes Júnior, deve dar-se continuidade aos projectos de implementação dos polos turísticos de Cabo Ledo e Calandula e elaborar uma estratégia de promoção internacional do projecto KAZA Okavango-Zambeze.
Nesse sentido, ao Estado cabe a tarefa de criar condições institucionais, macroeconómicas e de segurança, para que a indústria turística arranque, contando para o efeito com o apoio do sector privado, associações de especialidade e operadores turísticos.
Segundo o ministro de Estado, é importante que a comissão multissectorial se reúna com a periodicidade desejada e que trace um programa concreto de atracção de turistas para o país, para que o seu número acompanhe os investimentos que forem sendo feitos no sector.
“Este é o desafio que lanço ao concluir esta minha intervenção, esperando resultados que indiciem um firme compromisso com a arrecadação de receitas e criação de empregos e cada vez maior mobilização do investimento privado nacional e estrangeiro para o sector turístico”, considerou.
Curiosidades da… pólvora
Recorde-se que o Governo anterior, do qual João Lourenço foi ministro da Defesa, garantiu em Outubro do ano passado que iria “aligeirar” a concessão de vistos de turismo e com isso captar receitas, tendo para o efeito criado um grupo de trabalho que apresentou, ainda em 2016, propostas ao Presidente da República.
A informação constava de um despacho presidencial de 20 de Outubro que criou este grupo de trabalho “para aligeirar o sistema de atribuição de vistos para turismo”, coordenado pelo ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, e que integrava, entre outros, os directores dos serviços de Inteligência Externa, de Inteligência e Segurança do Estado e de Migração e Estrangeiros.
A dificuldade e burocracia envolvendo a concessão de vistos para entrada em Angola, nomeadamente com turistas a necessitarem de documentos de chamada para poderem entrar no país, era uma das principais críticas de empresários e de responsáveis do sector, em específico.
Aquele despacho presidencial reconhecia a “necessidade de melhorar e agilizar o sistema de atribuição de vistos de turismo”, para que os destinos turísticos angolanos “fiquem à disposição dos turistas nacionais e internacionais”.
Admitia também a “existência de alguns factores que devem ser removidos para que os programas sejam concretizados”, especialmente “no âmbito da captação de receitas, que é um dos objectivos do Plano Operativo do Turismo, como estratégia para saída da crise e diversificação da economia” angolana, face à quebra nas receitas do petróleo.
O grupo integrava ainda, entre outros elementos, os ministros das Relações Exteriores e da Hotelaria e Turismo, e tinha como atribuições a realização de “um estudo sobre o sistema de vistos de touros países que dominam o turismo” e “criar um sistema de concessão de vistos de turismo em Angola, que permita aligeirar o processo actual, com base na legislação em vigor”.
O sector do Turismo em Angola empregava em 2015 cerca de 192.000 trabalhadores, representando então mais de 530 mil visitas anuais.
Numa estratégia de diversificação da economia, que continua dependente das exportações de petróleo, e das suas receitas, a meta do executivo angolano da altura passava por atingir um milhão de trabalhadores e 4,7 milhões de turistas (acumulado) até 2020.
Angola conta actualmente com cerca de 180 unidades hoteleiras de várias dimensões, totalizando à volta de 8.000 camas, segundo dados do Governo.
Folha 8 com Lusa