O Sindicato dos Professores Angolanos (Sinprof) denunciou hoje detenções e coacções sobre os docentes nos três dias de greve que decorreram em todo o país desde quarta-feira, prometendo desde já nova paralisação no final do mês. E depois aparecem o Malandro (João Lourenço) e os acólitos do seu patrão e patrono (José Eduardo dos Santos) a dizer que somos um Estado de Direito…
A posição foi hoje expressa pelo presidente do Sinprof, Guilherme Silva, no balanço desta greve de três dias, que se fez sentir sobretudo em Luanda, mas também noutras províncias de Angola, sublinhando que a adesão foi “esmagadora”.
“É um recado para o patronato, que no começo dizia que a greve não teria adesão superior a 10%. A adesão supera os 90% e isso revela a desmotivação dos professores”, disse o sindicalista.
Guilherme Silva exortou o Governo a fazer uma “leitura” desta greve, porque os professores “são profissionais que formam outras profissões” e que precisam de “maior valorização”, recordando mesmo que estará à vista nova paralisação caso as inquietações da classe docente não sejam respondidas, como aumentos salariais ou progressão nas carreiras.
“É este o recado que os professores dão ao Governo e se insistirem na arrogância, então os professores voltarão à carga no intervalo de 24 de Abril a 5 de Maio, podendo haver uma nova paralisação”, sublinhou.
O Sinprof diz aguardar desde 2013 por respostas do Ministério da Educação e das direcções provinciais de Educação ao caderno reivindicativo, nomeadamente sobre o aumento do salário, a promoção de categoria e a redução da carga horária, mas “nem sequer 10% das reclamações foram atendidas”.
No decurso da greve que cumpre hoje o seu terceiro e último dia, pelo menos dois professores foram detidos pela polícia.
“Tivemos detenções na província do Cuanza Norte, onde uma colega nossa foi detida e solta no mesmo dia. Tivemos igualmente detenções no município de Cacuaco [Luanda], onde de seguida o nosso colega foi solto. São formas de pressões e ameaças que violam a lei da greve”, precisou.
O presidente daquele sindicato acrescentou que professores do quadro probatório, contratados em regime eventual, “foram coagidos” neste processo, a fim de não aderirem à greve.
“É chantagem e jogo baixo dos dirigentes do Ministério da Educação. Ninguém será despedido e se eles tentarem fazer isso, nós vamos recorrer ao tribunal para resolver a questão”, advertiu.
O ano lectivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 1 de Fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de Dezembro.
Na segunda-feira, segundo o responsável, os professores retomam o curso normal das aulas, esperando por verem solucionadas pelo menos a actualização de categorias e o pagamento “na totalidade” dos subsídios já aprovados, sob pena de voltarem à greve a 24 de Abril.
O sindicalista refere por outro lado que os professores continuam dispostos a dialogar e aguardam por algum “sinal” do Governo. “O medo está vencido, estamos abertos ao diálogo antes, durante ou depois da greve”, concluiu.
Folha 8 com Lusa