Cerca de 1.800 militantes da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), reunidos em “Assembleia Magna”, no Cine São João, em Luanda, exigem, ao invés de suspensão, a expulsão do presidente Lucas Benghy Ngonda do partido, bem como a alteração da data de realização do Congresso para o fim deste mês.
Por Antunes Zongo
Refira-se que, o Congresso Extraordinário da FNLA foi convocado pela maioria do Comité Central, reunido no passado dia 04.03.17, no qual também foram suspensos dos seus mandatos, o presidente Lucas Ngonda e o secretário-geral, António Muhongo.
Entretanto, o encontro realizado ontem serviu para informar os factos enunciados aos membros do partido (do topo à base) e submeter os documentos lavrados no encontro anterior ao escrutínio dos militantes.
No local, a discussão esteve bastante acesa, até certo tempo, parecia que a FNLA estivesse condenada ao desentendimento, mas o consenso dos pontos mais pragmáticos (face ao aproximar das eleições) veio ao de cima, tendo a discussão sobre a expulsão de Lucas Ngonda e o encurtamento da data para a realização do Congresso remetido para outro fórum.
“O Lucas já não pode ser suspenso, deve ser expulso, porque a suspensão vai permitir que volte a desempenhar funções políticas no partido e daí, novamente, voltar a fazer das suas. Ele é um bandido. Pois, considerando que é obrigação dele, na qualidade de presidente, defender por todos os meios a unidade do partido e a coesão dos militantes em torno dos ideais e da luta heróica da FNLA, como consta da alínea c, no ponto nono do artigo 34º dos Estatutos do partido; considerando ainda que é dever do presidente a manutenção do espírito e prática sistemática de diálogo, unidade, tolerância, imparcialidade e reconciliação entre os militantes… entretanto, tendo em conta que o presidente Ngonda, deliberadamente, não promove as acções e políticas de aproximação entre a direcção do partido e as estruturas de base, bem como nos variados níveis da organização, nós, os militantes presentes e mesmo aqueles que deixamos nas províncias em que saímos, exigimos a expulsão de Lucas Ngonda do partido. Não mais podemos cometer o erro do presidente Holden, em relação a Ngonda”, referiu um dos militantes.
No entanto, falando ao F8 à margem do encontro, Fernando Pedro Gomes, presidente interino da referida organização política, garantiu que as preocupações dos militantes sobre o presente e futuro de Lucas Ngonda a nível interno do partido poderão ser resolvidas com base nos Estatutos.
“Iremos resolver o impasse de acordo aos Estatutos, vamos abrir um processo disciplinar que poderá culminar com a sua expulsão, reduzir as actividades ou novamente suspensão, vamos ainda ao Congresso, depois isso é resolvido”, sugeriu o novo líder máximo da FNLA, que se nega a revelar se será candidato a presidente do partido.
“Sinceramente, não posso para já afirmar se serei candidato à liderança do partido ou não. O que interessa na verdade é que estamos a conduzir bem este processo de coesão e inclusão interna, nosso maior interesse é de terminar de vez com estas divisões, garanto ao F8 que estou totalmente optimista quanto aos resultados a obter neste processo. Pois nem o Tribunal Constitucional poderá manter o Lucas Ngonda na Presidência”, assegurou, continuando, que, “tranquilizo os secretários provinciais e municipais do partido que os únicos suspensos de suas funções são o presidente e o secretário-geral, os outros responsáveis do partido continuam em suas funções. Chega de roubar e extorquir os militantes, como é que os comissários do partido na CNE entregam mais 50 mil Kwanzas aos familiares de quem ali os colocou, para além dos 10% que já lhe é descontado para o partido? Isso é roubo e vamos terminar com ele”, disse.