Mais de 61.000 terapeutas tradicionais licenciados exercem actualmente actividade em Angola, de acordo com dados da Câmara Profissional de Terapeutas Tradicionais, que lamenta o exercício ilegal por parte de muitas ervanárias a nível do país.
Em declarações à Lusa, o presidente executivo daquela instituição, Kitoko Mayavangua, disse que a província do Uíge alberga actualmente o maior número de profissionais a nível do país, cerca de 14.000, sendo que a Câmara controla igualmente 33.000 parteiras tradicionais e uma rede de vendedoras de medicamentos tradicionais.
“Todos têm competência para exercer a função e estão classificados de acordo com as especialidades, como são os casos de terapeutas neuropatas, fisioterapeutas e ainda a rede de mulheres vendedoras de medicamentos tradicionais, o que quer dizer que estamos divididos em especialidades”, explicou.
Para Kitoko Mayavangua, os terapeutas tradicionais em Angola são mais valorizados no quadro da Política Tradicional e Prática Complementar, augurando melhor integração da sua prática no Sistema Nacional de Saúde.
O Ministério da Saúde de Angola, referiu, coordena a instituição reguladora, que é a Inspecção-Geral da Saúde, e há já um licenciamento de terapeutas a nível das inspecções provinciais e Angola tem um alvará provisório que identifica o terapeuta como um profissional de saúde.
Kitoko Mayavangua informou ainda que a Câmara vai criar 74 ervanárias comunitárias para congregar as vendedoras, que mesmo cadastradas “insistem em comercializar os medicamentos nas ruas”.
“E todas devem vender no interior do mercados e não nas ruas como ainda assistimos porque há aquelas ocasiões em que o paciente surge e é atendido e quando ele quiser localizar a mesma pessoa não consegue porque ela não tem um lugar de referência, daí que vamos criar essas ervanárias comunitárias”, explicou.
A associação profissional, observou igualmente o responsável, também coordena as actividades das ervanárias, contando com mais de 12 cadastradas e licenciadas, mas a generalidade ainda exercerem actividade de forma ilegal.
“De modo que aquelas que não estão inscritas na Câmara ou ainda a nível do Fórum de Medicina Tradicional estão a exercer a actividade de forma ilegal. Daí que vamos entrar para uma terceira fase de cadastramento das ervanárias”, sublinhou.
Um olhar positivo à medicina tradicional como uma prática que concorre para o bem-estar público é o apelo que o presidente executivo da Câmara Profissional de Terapeutas Tradicionais de Angola deixa à sociedade.
“E precisamos muito mais de explorar a flora e a fauna angolana que tem sido muito bem respeitada a nível internacional”, rematou.
Lusa