Os jovens angolanos, nós, devem pensar e agir em prol da colectividade com o objectivo de instalar a democracia no nosso país, e pode fazer isto tendo como foco dar educação em Direitos Humanos aos que não têm conhecimento de que estes direitos existem, devem ser implementados e preservados.
Por Sedrick de Carvalho
E os activistas têm um papel cada vez mais preponderante na luta pela implementação e cumprimento dos Direitos Humanos em Angola. E para os próximos anos esse desafio será maior.
Mas também importa frisar que o que se faz em termos de activismo em Angola é fruto duma engenharia tipicamente angolana, e tem surtido resultados conhecidos. Mas pode ser feito mais. E só não se faz por falta de apoios, principalmente internos.
Externamente, visto que no país pouco há com que se contar, organizações de defesas dos Direitos Humanos como a Transparência e Integridade, Amnistia Internacional, Frente Cívica, Federação Internacional de Defesa dos Direitos Humanos, e tantas outras, poderiam elaborar planos semestrais ou anuais de formação contínua para jovens activistas angolanos, com vista a aumentar as capacidades de defender os Direitos Humanos localmente. Porque a aposta na educação em Direitos Humanos é a aposta na democracia.
E outro desafio que enfrentaremos ainda nos próximos anos é a repressão protagonizada pelo governo angolano. O que chamam de eleições é uma simulação eleitoral. Assim, o sucessor indicado por quem será substituído é alguém que certamente vai dar continuidade ao modelo actual, e há vários aspectos que demonstram isso.
Muitos jovens têm ingressado na política partidária. Actualmente o Parlamento angolano tem menos de 20 deputados com menos de 40 anos de idade, num país onde apenas dois por cento da população tem mais de 64 anos, segundo dados do último censo realizado.
Mas o que importa aqui realçar é o que os jovens deputados em Angola fazem. Infelizmente, por não existir transmissão televisiva nem radiofónica das sessões parlamentares, pouco podemos saber sobre o que fazem. Mas a minha percepção é de que pouco ou mesmo nada fazem, pois se fizessem teríamos sabido por outros mecanismos. E não há acções externas também.
É aqui onde entra outro aspecto que a juventude angolana que milita em partidos políticos tem de compreender. As direcções dos partidos políticos angolanos, composta esmagadoramente por mais velhos, asfixiam o pensamento dos jovens, a energia e a irreverência típica da juventude. A chamada disciplina partidária impera em todas as organizações, e servem para manietar os militantes, e os jovens são os que mais perdem com isto, pois esta disciplina partidária refreia o seu ímpeto revolucionário.
Uma deputada disse-me que 20 deputados com menos de 40 anos são poucos. E são. Mas também lhe disse que não são tão poucos assim. Nuca serão poucos se a razão e a energia da idade estiverem do seu lado. Se não se deixassem amordaçar pela disciplina partidária e interesses materiais, Angola teria um Parlamento próximo do da África do Sul onde os 25 jovens deputados do partido dos Lutadores da Liberdade Económica têm impulsionado o reposicionamento do governo.