A empresária, presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Isabel dos Santos, filha do agora ex-Presidente de Angola (que a escolheu para comandar a petrolífera do regime), José Eduardo dos Santos, considerou a tomada de posse do novo chefe de Estado, João Lourenço, como “um momento muito especial” que mostra “uma transição pacífica”.
Em declarações à imprensa no final da cerimónia de investidura do novo Presidente de Angola, classificou o dia de hoje como um misto de sentimentos.
“É um sentimento muito misto, porque é um momento muito especial, porque é um momento muito feliz sobretudo, isto é a primeira coisa que tem que se dizer. Nós estamos muito felizes, como família, de ver uma transição pacífica”, disse.
A participação de vários convidados internacionais na cerimónia de hoje, a realização de um processo eleitoral, “que esteve à altura das expectativas de todos os angolanos”, e o exemplo que Angola representa para África são motivos de satisfação para a família presidencial, considerou Isabel dos Santos.
“Conversei com alguns presidentes africanos presentes na cerimónia de hoje e todos disseram que realmente Angola inspira e que Angola é um exemplo de África, e que é um exemplo para o mundo, que em África é possível termos transições, nós mudarmos de Presidente, fazermos eleições e termos esses processos de forma tranquila, pacífica, como nos outros países do mundo”, disse.
Instada a comentar os receios de uma boa coabitação entre o novo Presidente da República e o ex-Presidente, Isabel dos Santos minimizou eventuais temores, porque “é assim que são as democracias”.
“Talvez para quem o processo seja novo e não esteja habituado tenha algum receio e alguma ansiedade, mas faz parte a tomada de posse de novos Presidentes, com certeza esta não será a última tomada de posse em Angola, daqui a muitos anos isso já será um processo completamente normal”, frisou.
Isabel dos Santos acrescentou que vê com “muitos bons olhos, com confiança”, o futuro de Angola, “com tudo para dar certo”.
“Temos muitos desafios, passamos um momento muito difícil economicamente, temos que, nós próprios, começar a pensar nas soluções, como é que nós também podemos ajudar a resolver o país, não contar que é só o chefe que resolve, mas cada um de nós também tem que resolver, mas eu vejo o futuro com muita confiança”, salientou.
Relativamente ao discurso de tomada de posse do novo Presidente de Angola, Isabel dos Santos disse ter tocado “nos pontos todos fundamentais”, nomeadamente no emprego, no papel da juventude, dos professores, por isso em todos os sectores importantes da sociedade.
“Acho que é um discurso que permite já antever quais é que serão as prioridades do próximo Governo e onde é que vão realmente ser consagrados os maiores esforços”, referiu.
Isabel dos Santos lidera desde Junho de 2016 a Sonangol, em processo de reestruturação, tendo assumido que leva “muito a peito” este compromisso. Recordou que assumiu o cargo de presidente da petrolífera “num período muito difícil, muito crítico”, com o preço do petróleo a 29 dólares no mercado internacional.
“A empresa estava com os cofres vazios, tínhamos muitas dificuldades e este ano tem sido um ano no fundo de gerir essas dificuldades e conseguirmos passo a passo sobreviver às dificuldades e devagarinho começar a pensar no futuro”, observou.
Admite que ainda é cedo para se “pensar num futuro brilhante”, salientando que continua a decorrer o trabalho para se atingir a estabilidade da empresa e fazer com que as suas necessidades sejam cumpridas.
“Temos reduzido custos, temos instaurado um clima de mérito, as pessoas que merecem estão nos bons lugares, elas é que terão os cargos, tentamos mudar alguns critérios de trabalho, dar prioridade realmente ao que é importante. Quando se tem poucos recursos, quando não há muito dinheiro, é importante fazer o melhor possível com o pouco que se tem e é essa a filosofia que se tem estado a aplicar na empresa”, salientou.
Folha 8 com Lusa
Com certeza, estamos todos felizes, momentos assim despertam o um sentimento muito misto, por ser tão especial e de uma transição pacífica