O Governo angolano transmitiu esta terça-feira “sentida emoção” a Portugal e às vítimas do incêndio que lavra desde sábado em Pedrógão Grande, que já provocou a morte de 64 pessoas. Demorou, custou, mas… mais vale tarde do que nunca.
Aliás, Isabel dos Santos, a emérita filha do putativo emérito presidente Angola, José Eduardo dos Santos, já tinha feito no domingo o que deveria ser feito pelo seu pai. Ou seja, mostrar “tristeza” e “solidariedade” com os portugueses pelo incêndio em Portugal que já causou dezenas de mortos.
A posição do governo de sua majestade José Eduardo dos Santos foi assumido pela secretária de Estado da Cooperação de Angola, Ângela Bragança, que se deslocou à embaixada de Portugal em Luanda para assinar um livro de condolências ali existente.
E os portugueses que se considerem felizes, muito felizes, por José Eduardo dos Santos ter delegado esta tardia solidariedade numa secretária de Estado. Estavam à espera que, a exemplo do Papa Francisco ou de outros chefes de Estado, fosse o próprio Presidente da República a manifestar o seu pesar? Não queriam mais nada? Um “querido líder”, um líder “escolhido de Deus”, um mais do que certo emérito Presidente não se rebaixa a tal ponto…
A governante angolana referiu tratar-se de um momento de “profunda tristeza e dor” para todos os que “vivem e convivem com o momento de arrepiante comoção”.
“É sempre uma missão difícil apresentar condolências e neste caso tão trágico e ainda mais por toda carga emocional que envolve toda uma comunidade, um povo, uma nação. Uma nação amiga, um povo com quem partilhamos parte significativa da nossa história e que com quem trabalhamos para a paz e desenvolvimento”, escreveu a secretária de Estado, no livro de condolências.
“É, pois, com sentida emoção que, em nome do Governo de Angola e do seu povo, presto esta sentida homenagem ao povo português pelas vítimas da tragédia de Pedrógão Grande, pelas crianças que pereceram, pela dor e luto dos demais,” acrescentou a responsável pela cooperação no Ministério das Relações Exteriores de Angola.
Esta posição vem na sequência de uma nota enviada segunda-feira – não confirmada no site da Presidência Portuguesa – por José Eduardo dos Santos, ao seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, em que manifestou consternação pela tragédia ocorrida em Portugal.
Recorde-se que, perante a notícia do incidente ocorrido no jogo inaugural do Girabola, em Angola, entre o Santa Rita de Cássia e o Recreativo do Libolo, o Presidente da República portuguesa enviou uma mensagem de condolências ao Presidente da República de Angola:
“Foi com grande pesar que tomei conhecimento do acidente ocorrido hoje no jogo de estreia do Girabola 2017, no Estádio 4 de Janeiro, no Uíge, que vitimou numerosas pessoas, entre as quais crianças, para além de ter provocado vários feridos.
Nesta hora difícil, quero transmitir-lhe, Senhor Presidente, em meu nome e em nome do povo português, toda a solidariedade para com o povo angolano, para com os adeptos e profissionais dos clubes que estavam em campo, e especialmente para com as famílias das vítimas, a quem envio, através de Vossa Excelência, as mais sinceras condolências. Quero ainda transmitir os meus votos muito sinceros de rápidas melhoras a todos os feridos.”
Foto: Rui Oliveira/Global Imagens/JN
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