O líder do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI) com a crise política na Guiné-Bissau, Sana Canté, anunciou hoje que o primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, lhes solicitou que parassem com as manifestações de rua, mas recusaram.
Sana Canté e mais três elementos do movimento, constituído essencialmente por jovens, reuniram-se hoje, durante mais de três horas, com o chefe do governo guineense para encontrar uma plataforma de entendimento que pusesse fim às manifestações de rua.
“Dissemos ao primeiro-ministro, de forma categórica, que não podemos e nem vamos parar com as manifestações enquanto persistir a crise”, defendeu Sana Canté, um jovem jurista formado pela Faculdade de Direito de Bissau.
O movimento tem liderado manifestações de rua em Bissau para protestar contra a crise política que assola a Guiné-Bissau há quase dois anos. Entre as exigências, o movimento pede a renúncia do Presidente guineense, José Mário Vaz (foto), a quem acusa de ser o responsável pela crise.
Sana Canté afirmou ter notado que a preocupação de Umaro Sissoco Embaló se prende sobretudo com o facto de o MCCI projectar para os dias 20 a 23 deste mês, uma série de manifestações de repúdio da visita à Guiné-Bissau do Presidente do Senegal, Macky Sall.
Para o movimento, Macky Sall “é quem está a instigar a persistência da crise” na Guiné-Bissau, pelo que “não é uma visita bem-vinda”.
Na audiência, os jovens aproveitaram para repudiar a acção violenta da polícia, do passado sábado, aquando de uma vigília em Bissau dispersada com granadas de gás lacrimogéneo e bastonadas. Alguns jovens estiveram detidos pela polícia durante algumas horas.
O primeiro-ministro condenou o acto e prometeu abrir um inquérito para saber o que se passou e quem teria ordenado a repressão policial, indicou Sana Canté.
O activista político afirmou que Umaro Sissoco Embaló prometeu medidas de segurança para os líderes do MCCI, alvos de perseguições e de ameaças, e ainda anunciou que irá colocar o seu lugar à disposição do Presidente guineense, José Mário Vaz, caso acontecer algo contra a integridade física dos líderes do movimento.
Sana Canté adiantou terem também reiterado perante Sissoco Embaló a sua exigência de dissolução do Parlamento, a renuncia ao cargo de José Mário Vaz e a convocação de eleições gerais antecipadas.
Indicou que o primeiro-ministro defendeu que irá iniciar o recenseamento dos eleitores já no mês de maio e que, por outro lado, vai voltar a tentar falar com os partidos que contestam o seu governo.
Quatro dos cinco partidos com assento parlamentar não reconhecem o governo de Sissoco Embalo e pedem a sua demissão.
Segundo Sana Canté, o primeiro-ministro prometeu aos jovens que assim que o Presidente José Mário Vaz regresse ao país vai solicitar-lhe que receba uma delegação do MCCI para falarem sobre a situação política do país.
“Será uma oportunidade para dizermos ao Presidente aquilo que pensamos sobre toda esta crise”, assegurou Sana Canté.
José Mário Vaz regressa hoje a Bissau proveniente de Abidjan, onde participou na abertura dos trabalhos de uma cimeira extraordinária da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
Lusa