A Associação Tratado de Simulambuco – Casa de Cabinda, tendo noção do risco de vida que corre o jovem Nuno Dala, que é diabético, e se encontra em greve de fome há 15 dias, apela aos responsáveis, que lhe seja concedido aquilo a que ele tem direito, e que motivou esta greve: a devolução dos seus bens, e a entrega dos seus exames médicos. Eis o comunicada desta organização.
“A Associação Tratado de Simulambuco – Casa de Cabinda em Portugal, associa-se, em pensamento e em sentimento, às vigílias em solidariedade para com o jovem activista e professor universitário Nuno Dala, de 31 anos de idade, a serem realizadas em Luanda, nos dias 25, 26, e 27 deste mês, e felicita a Iniciativa e os seus promotores.
E apela a todos que se unam a ela, e se expressem nos seus murais, e divulguem por todos os meios ao vosso alcance, caso não possam estar presentes, por se encontrarem longe.
Segundo denúncia do jovem Nuno Dala, desde que ele foi detido pela primeira vez, ficou com vários problemas de saúde, entre eles uma infecção urinária, uma gastrite, e uma infecção no sangue, entre outras, e nunca foi medicado, nem tomou antibióticos, como deveria. Não se inventa uma infecção urinária, pois trás sintomas associados que não enganam.
E para acrescentar a tudo isto, “Nuno Dala é diabético”, correndo por isso riscos acrescidos, um risco enorme de poder perder a vida a qualquer momento.
Se Nuno Dala continuar a não ser tratado da infecção urinária de que tem queixas, com os antibióticos específicos, corre o risco desta lhe subir aos rins, e de os paralisar, provocando-lhe a morte.
E se isso acontecer, a sua morte não será consequência da sua greve de fome, mas sim desta sua situação de saúde, e da falta de tratamento para ela.
Visto que ele fez também a denúncia, de que a polícia lhe ficou com uns milhares de kwanzas em dinheiro, que trazia na sua mochila, bem como com todos os cartões das suas contas, e o código de acesso às mesmas, surge a pergunta:
Será que ainda existirá algum dinheiro nas suas contas, neste momento?
Questionamos isto, porque não entendemos porque não dão resposta aos advogados sobre esta mesma matéria, que eles já colocaram, e porque continuam a negar o acesso de Nuno Dala às suas contas.
Contas essas onde teria ainda algum dinheiro, para fazer face às despesas de sua mulher, sua irmã, e seu filho bébé, que tem à sua responsabilidade, e que nem dinheiro têm para comprarem uma fralda.
Devido a tudo isto, e depois de esgotados todos os pedidos legais, Nuno Dala, em desespero, negou-se a comparecer em tribunal, por falta de dinheiro.
O Tribunal, em resposta, mandou prender de novo o Nuno, que se encontrava em prisão domiciliária.
Já na cadeia, reivindicando a falta de tratamento e de entrega dos exames feitos, e o acesso ao seu dinheiro, e não vendo mais alternativas, entrou em greve de fome, no dia 10 de Março, na qual se mantem, encontrando-se mesmo muito mal. Desmaiou, e Nito Alves, que se encontrava junto dele, foi espancado, por se ter recusado a abandoná-lo. Nuno Dala encontra-se neste momento internado, no Hospital Prisão de S. Paulo.
Risco ainda mais elevado, sabendo todos nós a situação de calamidade pública em que se encontram a saúde e os hospitais em Angola, em que num só sábado, enterraram 500 pessoas.
É nossa obrigação, de todos, tudo fazer para denunciar e pedir responsabilidades aos responsáveis pela situação em que se encontra o Nuno, que mais não pede do que aquilo a que tem direito:
Tratamento para as doenças que adquiriu na cadeia, quando da sua primeira detenção, e acesso às suas contas, e ao seu dinheiro, para poder prover ao sustento da sua família.
Depois do tudo o exposto, pedimos a atenção de todas as embaixadas em Angola, de todos os países do mundo, para que se movimentem, solicitando autorização para visitarem Nuno Dala, e se inteirarem do seu verdadeiro estado de saúde.
E responsabilizamos as autoridades angolanos, por tudo o que de mal possa vir a suceder, ao cidadão angolano, Nuno Dala.
A Direcção da Associação Tratado de Simulambuco – Casa de Cabinda. Fernando Higino Henriques Lima, Maria João Sande Lemos, Margarida Mayer, Manuela Serrano.”