A UNITA defendeu hoje a criação de um Fórum Nacional para o Aprofundamento e Consolidação da Paz e Reconciliação Nacional, recordando que 14 anos depois do fim do conflito armado, Angola ainda está em guerra, em Cabinda.
A posição foi expressa hoje, em comunicado, pelo comité permanente da comissão política da UNITA, a propósito do dia da Paz e da Reconciliação Nacional, que hoje assinala o fim da guerra no país.
Na declaração, aquele órgão do maior partido da oposição “exorta” o Presidente angolano “para a necessidade urgente e premente de se encontrar uma solução pacífica para o conflito que ainda tem lugar em Cabinda, através do diálogo franco, aberto e construtivo com as forças vivas daquela parcela do território”, onde actua um movimento de guerrilha que reclama a autodeterminação cabindense.
“Pois não se poderá falar de paz no país enquanto persistir a guerra em Cabinda”, aponta o partido, que a 4 de Abril de 2002, após a morte em combate do histórico líder e fundador daquele movimento, Jonas Savimbi, assinou o acordo de paz com as Forças Armadas Angolanas (FAA).
A ala militar da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) anunciou em Março o regresso ao conflito armado, alegando a falta de diálogo com o Governo central, e desde então garante que já se registaram vários confrontos, com mortos e feridos, com as FAA, naquele território.
A UNITA destaca ainda que em 14 anos de “paz militar”, Angola “registou altos índices de violação dos Direitos Fundamentais dos cidadãos, figurando nas piores estatísticas de organizações internacionais” e a “existência de presos políticos nas cadeias angolanas só prova o quanto a situação se deteriorou”.
“O comité permanente da comissão política da UNITA considera fundamental a criação de um Fórum Nacional para o Aprofundamento e Consolidação da Paz e Reconciliação Nacional, a fim de se ultrapassarem os obstáculos que inviabilizam o almejado reencontro dos angolanos para a construção de uma Nação inclusiva e melhor para todos”, defende.
O partido do “galo negro”, que se queixa reiteradamente do clima de intolerância política no país, com dezenas de militantes mortos nos últimos 14 anos, recordando que a UNITA “escreveu a história de Angola com o seu sangue, com o seu patriotismo e com a sua tenacidade” e que por isso rejeita “todas as iniciativas que configuram a deturpação e a falsificação da História”.
Durante o conflito armado que se seguiu à independência de Angola, em 1975, estima-se a morte de mais de 500 mil angolanos, militares e civis.
A UNITA garante hoje que os acordos de paz estabelecidos em 2002 continuam por concretizar na totalidade, nomeadamente na integração dos milhares de antigos militares.
“A paz só tem sentido material se significar algo mais do que o simples calar das armas, quando os homens e mulheres que fizeram a guerra usufruírem da paz social no seio das suas famílias e se sentirem úteis à sociedade. Infelizmente, essa paz social tarda a ser alcançada”, critica a comissão política da UNITA.
Fonte: Lusa