Viro a ampulheta, resta uma hora de vida. Uma hora para o segredo do tempo. Cada grão, uma atitude. Cada acto, uma deidade. Em 60 minutos é impossível mudar o mundo, mas é possível fazer muito.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Porto Alegre – Brasil
V ocê pode se ajudar lutando para fazer o melhor. O melhor em direcção ao futuro. Voltar é impossível e tudo que aconteceu, aconteceu. O passado congelou para nunca mais retornar ao seu estado líquido.
O tempo é implacável. Ele conspurca, deteriora, castiga, mas perpetua. A perpetuação se dá através de suas areias, que nos permitem determinar marcos. O fado do destino é sempre o mesmo: causa e efeito. Se o curso for errático, não há sentido de existência, e você estará perdido. Não se submeta à perdição. Afaste-a de suas intenções. A vida constitui infinitas possibilidades.
As areias do tempo continuam caindo. Não há como pará-las. O invólucro de vidro da ampulheta é o mesmo invólucro da impotência de indivíduos aprisionados, como os grãos que já caíram.
Eles podem repetir a queda milhões de vezes e jamais sairão do lugar onde estão, dentro do vidro. Não há projecções animadoras. A escuridão domina todas as inquietações. O silêncio, tão melancólico, se transforma na principal forma humana de linguagem.
Centenas de obstáculos se erigem à frente. A dificuldade em superá-los é natural. Tão natural quanto o primeiro encontro com a alma-gémea. Os esforços de cada um virarão história. Das areias restam apenas alguns minutos. As pessoas de bem destinaram cada segundo que passou à superação. Faltaram actos de maior expressão? Você tentou, ao menos. Lembrando que o “e se?” representa potencialidades deixadas para trás. Escolhas precisam ser feitas.
Dez grãos para o fim. O fluxo temporal está na recta final. Dez para endireitar a espinha. Nove para pensar nos pormenores. Oito para a angústia dos erros cometidos. Sete para lamentar por quem vive sem amor. Seis para piscar os olhos em sinais de cansaço. Cinco para o costume à nova realidade. Quatro para perscrutar a verdade. Três para se arrepender. Dois para o último suspiro. Um para a esfuziante luz da revelação.
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