As autoridades angolanas defendem, mas falta saber se conseguem, o fornecimento imediato de assistência alimentar às 755.678 pessoas afectadas pela seca na província do Cunene, cujas necessidades alimentares estão ainda a ser analisadas.
E , é claro, convém analisar com calma e ponderação. Embora os angolanos estejam há muito a praticar a melhor forma de viver sem comer, nada pode ser feito com precipitação. Aliás, quanto mais tempo demorarem a analisar o assunto, menos gente terão de ajudar. Isto porque há sempre quem morra…
O assunto foi analisado durante uma reunião entre a Comissão de Protecção Civil no Cunene e a delegação multi-sectorial, chefiada pelo secretário de Estado para a Protecção Civil e Bombeiros do Ministério do Interior de Angola, Eugénio Laborinho, que desde segunda-feira trabalha naquela região do sul do país, noticia hoje o Jornal de Angola.
A Comissão de Protecção Civil no Cunene está a preparar um relatório sobre as necessidades alimentares neste momento, para ser apresentado ao Governo. Depois, graças à filantropia do Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, se saberá se a ajuda deve, ou não, ser dada. Desde logo porque importa saber se os afectados são, de facto, angolanos… de primeira.
Na reunião ficou ainda decidido que depois da ajuda alimentar, a população deve receber igualmente assistência nos domínios da saúde, educação e agricultura.
Por outras palavras, é preciso reunir, analisar, estudar e determinar aquilo que deveria ser elementar para todos nós, todos os dias. Mais vale tarde do que nunca? Certo. Ainda mais certo é porque dar de comer a quem tem fome não é propriamente uma prioridade do Governo.
Nos últimos dias, começou a chover na província do Cunene, por isso as autoridades prevêem que a situação possa estar minimizada até ao final do primeiro semestre deste ano, altura da colheita dos produtos agrícolas.
Com a situação, segundo dados da Comissão de Protecção Civil no Cunene, em algumas localidades a população abandonou as suas residências à procura de apoio, muitas delas deslocando-se à vizinha República da Namíbia.
As autoridades tradicionais, que consideram – com toda a razão – fraco o apoio prestado pelas autoridades, apesar de a direcção provincial do Ministério da Agricultura ter fornecido no início da época chuvosa algumas sementes, solicitaram ao Governo mais sementes e tractores para o aumento da produção agrícola.
Na semana passada, o governador da província do Cunene, António Didalelwa, anunciou a existência de dez toneladas de milho para sementeira.