A Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP) reúne hoje a manhã, no Porto (Portugal), num congresso que o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM), Miguel Guimarães, considera “uma oportunidade histórica para estreitar os laços de cooperação entre as diversas instituições médicas do espaço lusófono”.
“Em Novembro passado, com a assinatura da Declaração do Porto, abrimos portas a uma consolidação das relações entre as comunidades médicas lusófonas que integram a CMLP. No VII Congresso da CMLP teremos um momento único para fortalecer essa cooperação, centrada na partilha de conhecimento e experiências e no reforço dos vínculos no apoio à formação médica nos países da comunidade”, salienta o presidente do CRNOM.
Recorde-se que no âmbito de um protocolo assinado em 2005 entre a Ordem dos Médicos de Portugal e as várias instituições representativas dos médicos da CMLP, os profissionais licenciados em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe podem obter autorizações especiais para a realização de estágios profissionais no nosso país, sem concessão do grau de especialista, como forma de reforçar a sua formação pós-graduada.
Miguel Guimarães recorda que “a Declaração do Porto, assinada em 2015 durante o XVIII Congresso Nacional de Medicina, estabeleceu vários procedimentos obrigatórios para o acesso ao estágio profissional, de forma a promover a qualidade da formação pós-graduada”. “A Declaração do Porto protege a reciprocidade do processo, e agora é tempo de agilizar estes protocolos de cooperação, incentivá-los, mas sem esquecer as responsabilidades que a própria Ordem dos Médicos tem, nomeadamente na área do reconhecimento da idoneidade das Unidades de Saúde portuguesas que podem acolher os estágios”, frisa este responsável.
Durante dois dias, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos vai receber dezenas de médicos de vários países lusófonos. Estão confirmadas as presenças dos bastonários da Ordem dos Médicos de Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, bem como representantes de várias associações médicas do Brasil, Moçambique, Macau, Timor e Venezuela. Confirmada está também a presença do Ministro da Saúde de Angola e do representante do Ministério da Saúde Pública da Guiné-Bissau.
José Manuel Pavão, secretário-geral da CMLP, considera que “esta é também uma oportunidade para reflectir sobre a importância da língua que nos une e até onde ela nos pode levar”. Indica também que “assuntos tão relevantes como a formação pós-graduada e a livre circulação estão na nossa mente à espera de decisões consensuais e globais”.
Vão estar em cima da mesa os seguintes temas: “Diagnósticos Nacionais de Saúde”, a “Saúde Mental e Violência”, a “Mobilidade e Educação Médica Especializada”, “Capacitação e Desenvolvimento no Espaço Lusófono”, “Saúde e Economia, uma Agenda Integrada” e “Língua e Pátria”.
“Este é um congresso que tem todos os ingredientes para fazer história e constituir um passo importante na dinâmica da cooperação em que todos temos a ganhar”, sustenta Miguel Guimarães. E acrescenta que “este acontecimento vai permitir trilhar novos caminhos na comunidade médica do espaço lusófono”.