(BEM) PIOR DO QUE A VENEZUELA

MOÇAMBIQUE. Os juros da dívida pública de Moçambique passaram a ser os mais altos do mundo esta semana, com 25,1% ao ano, ultrapassando a Venezuela no lugar de país mais arriscado para investir no mundo.

De acordo com a evolução dos juros que os investidores exigem para transaccionar os títulos da dívida pública emitida em dólares, desde segunda-feira que o valor dos ‘eurobonds’ com maturidade em 2023 ultrapassaram a média dos juros das emissões de dívida da Venezuela.

Moçambique tornou-se, assim, o país mais arriscado para os investidores financeiros, de acordo com a evolução dos juros da dívida, um dos mais conhecidos indicadores da percepção do mercado sobre a segurança dos investimentos financeiros feitos num país.

O Ministério da Economia e Finanças evidencia a incapacidade de pagamento das dívidas das empresas que realizaram empréstimos escondidos, assume que a dívida pública vai chegar a 130% do Produto Interno Bruto este ano, e aproveita para rever em baixa a previsão de crescimento económico para 3,7%, afirmando também sem rodeios que as métricas da dívida são insustentáveis.

De acordo com as regras do FMI, não pode ser dada ajuda financeira a um país com ‘debt distress’, ou seja, com dívida em esforço ou problemática, e para avaliar esta dívida o FMI recorre a cinco indicadores.

O principal objectivo, agora, é “retomar as relações com o FMI para estabilizar a economia e restaurar a confiança da comunidade internacional”, mas o Governo assume que “as discussões só podem recomeçar se Moçambique já não estiver na categoria de país com ‘dívida em esforço’ [debt distress, no original em inglês], o que implica que as finanças e a dívida pública têm de estar numa trajectória sustentável”.

Definir a trajectória sustentável, renegociando os termos de pagamento da dívida, é o que o Governo se propõe fazer com os credores, tendo contratado a consultoria financeira e jurídica das britânicas Lazard Frères e White & Case LLP, respectivamente, que a partir de agora serão a face do Governo no contacto com os credores.

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