Pelo menos 20 pessoas morreram e 18 ficaram feridas quando uma bomba que uma menina de cerca de 10 anos carregava no corpo explodiu num mercado na Nigéria, durante o controlo das entradas no local.
N ão houve ainda a reivindicação do atentado, mas os militantes do grupo terrorista Boko Haram têm usado frequentemente mulheres e meninas como bombas humanas na sua luta pela instauração de um Estado islâmico na maior economia africana, que já dura há seis anos.
“A rapariga tinha mais ou menos dez anos e duvido muito que ela soubesse o que trazia amarrado ao corpo”, considerou à AFP o vigilante civil Ashiru Mustapha, que explicou que o engenho detonou quando os vigilantes procediam ao controlo das entradas no mercado.
“O detector de metais assinalou a presença de qualquer coisa quando a menina foi revistada, mas infelizmente a explosão deu-se antes que ela pudesse ser isolada”, acrescentou a testemunha no local, considerando ter “quase a certeza de que a bomba foi detonada através de um controlo remoto”.
O mercado foi então fechado e isolado, deixando as autoridades com a penosa tarefa de recolherem as partes dos corpos mortos na explosão, incluindo o da menina, partida em dois e com metade do corpo a ter de ser recolhido no outro lado da estrada.
O Boko Haram lançou o primeiro ataque com bombistas suicidas femininas em Junho do ano passado, e desde então têm sido frequentes estas iniciativas, que incluem quatro ataques numa só semana na cidade de Kano.
Em Julho, relembra a AFP, uma rapariga de dez anos foi encontrada em Katsina usando um colete suicida, ajudando a alimentar a especulação de que estas meninas são obrigadas a ser bombas humanas em vez de o fazerem por motivações ideológicas.
Oficialmente o Boko Haram alega que luta pela Sharia e combate a corrupção do governo e a falta de pudor das mulheres, a prostituição e outros vícios. Segundo eles os culpados por esses males são os cristãos, a cultura ocidental e a tentativa de ensinar algo a mulheres e meninas.
A Sharia já virou lei no Norte da Nigéria, que tem uma maioria muçulmana. O sul com a maioria cristã não quer a Sharia. O governo e a capital ficam no sul, mas por causa das matanças, ameaças e a alta fertilidade das mulheres muçulmanas o número total dos muçulmanos já ultrapassou o dos cristãos, e por isso o Boko Haram exige a Sharia para o país inteiro.
Ontem ficou a saber-se que a cidade de Baga, a única que ainda resistia ao avanço dos radicais do movimento Boko Haram no Nordeste da Nigéria, caiu. Testemunhas descreveram um cenário de corpos espalhados pelas ruas, alguns já a apodrecer, depois de no fim-de-semana o Boko Haram ter travado um combate com as forças de uma base militar multinacional encarregue da defesa de Baga e que terá apresentado pouca resistência, deixando a cidade à mercê dos radicais.
Segundo a BBC, houve um novo ataque na quarta-feira, a cidade ardeu quase completamente, e os radicais estão agora a atacar as zonas em redor, perseguindo os habitantes em fuga. Algumas fontes falam em dois mil mortos, o que, a confirmar-se, equivaleria, num único ataque, à totalidade de mortos do último ano, de acordo com o Washington Post.
Com a queda de Baga, o Boko Haram passa a dominar 70% do território do estado de Borno, no Nordeste do país, junto à fronteira com o Chade. Em Agosto, o líder do grupo, Abubakar Shekau, anunciou o estabelecimento na zona que controla do Califado Islâmico – desde essa altura que Baga, junto às margens do lago Chade, era o único bastião resistente. É difícil saber-se exactamente o que se passou, mas uma coisa parece certa, e confirmada por fontes governamentais: Baga, que tinha uma população de 10 mil pessoas, já não existe.