O Presidente da França, François Hollande, inicia amanhã, em Luanda, uma visita de 24 horas a Angola, estando previsto a sua participação num fórum empresarial, retribuindo desta forma a visita do homólogo angolano, em 2014.
O chefe de Estado francês chega ao final do dia e é recebido no aeroporto pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti.
De acordo com o programa de visita, no mesmo dia, François Hollande tem previsto um encontro com a comunidade francesa, no qual dirigirá uma mensagem.
Na sexta-feira, o Presidente francês dá início à sua agenda de trabalhos com a participação no Fórum Económico França-Angola, no qual se prevê a assinatura de contratos e negócios.
François Hollande passará pelo memorial Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola, antes de seguir para o Palácio Presidencial, onde será recebido com honras militares.
O encontro com o Presidente angolano (nunca nominalmente eleito e no poder desde 1979), José Eduardo dos Santos, acontece antes da assinatura de acordos, seguindo-se uma declaração conjunta à imprensa pelos dois chefes de Estado.
O Presidente francês cumpre uma série de visitas, com passagem já pelo Benim, seguindo depois de Angola para os Camarões.
A visita de François Hollande a Angola surge na sequência da reaproximação entre os dois países, que culminou em Dezembro passado, com a assinatura de acordos para o reforço da cooperação bilateral, de parceria económica e facilitação de vistos nos passaportes ordinários.
Essa reaproximação marca uma nova etapa nas relações entre Paris e Luanda, uma década depois do escândalo do “Angolagate” (venda de armamento russo a Angola entre 1993 e 2000, processos judiciais em Paris relativos a “infracções à legislação sobre as armas” e alegadas comissões ocultas a personalidades dos dois países).
A França foi em 2014 o nono destino das exportações angolanas, com 191.108 milhões de kwanzas (1,4 mil milhões de euros), e o oitavo país das importações de Angola, num total de 113.480 milhões de kwanzas (837 milhões de euros).
Na sua visita de dois dias a Paris, a 29 de Abril, José Eduardo dos Santos, num encontro com meia centena de empresários franceses, lançou o convite ao investimento em Angola, para “diversificar e industrializar a economia angolana e combater as assimetrias regionais, o desemprego e a baixa qualificação técnica e profissional”.
Segundo número de Paris, cerca de 25.000 franceses trabalham actualmente em Angola, país onde a França é o terceiro maior investidor, com investimentos nos últimos dez anos de mais de dez mil milhões de euros, maioritariamente no sector dos petróleos.
Apesar dos fortes – mais aparentes do que reais – litígios políticos, jurídicos e diplomáticos que se verificaram entre Paris e Luanda, França teve sempre uma amigável e rentável posição de destaque em Angola, sobretudo através da empresa Total que domina a exploração de petróleo com a produção de mais de 600 mil barris por dia, podendo atingir os 800 mil em 2016, com a exploração do projecto em Kaombo.
Reatado o “casamento”, França consolida a posição de segundo país europeu no domínio das relações económicas e comerciais com Angola. Mas certamente não vai ficar por aqui.