O silêncio e o medo dos bons

A associação Mãos Livres, de activistas e advogados angolanos, saudou a decisão de Luaty Beirão de terminar com a greve de fome ao fim de 36 dias, lembrando que a luta em Angola é para “manter as pessoas vivas”.

A posição foi transmitida pelo advogado David Mendes que, em nome da associação defendeu em tribunal vários activistas angolanos, ao longo dos últimos anos, e que hoje tentou visitar recebido por Luaty Beirão, na clínica privada de Luanda onde se encontra internado.

“A clínica não autorizou, alegando que ele está sob detenção e as visitas só com autorização dos Serviços Prisionais”, lamentou o advogado e dirigente da associação Mãos Livres.

“Foi uma decisão sábia porque se ele continuasse com a greve de fome poderíamos ter um fim triste. E eu acho que esta luta deve manter as pessoas vivas para a levarem até ao final”, apontou David Mendes.

O advogado defendeu em Maio passado o jornalista e activista Rafael Marques, no âmbito de um caso de denúncia de alegados abusos dos direitos humanos na produção diamantífera no interior norte de Angola, processo que decorreu no Tribunal Provincial de Luanda, e ao qual assistiu regularmente Luaty Beirão.

“A morte do Luaty não seria boa para a nossa luta”, reconheceu David Mendes.

EUA dizem estar atentos

Entretanto, a Secretaria de Estado dos EUA está atenta ao caso dos activistas detidos em Angola e espera um julgamento de acordo com a lei angolana.

“Esperamos com expectativa um julgamento aberto e transparente de acordo com a lei angolana”, diz uma nota da Secretaria de Estado, não confirmando que o país tenha mantido encontros diplomáticos sobre o caso.

Na mesma nota, a Secretaria de Estado explica que tem acompanhado o caso e que pretende continuar a fazê-lo: “Continuamos atentos ao caso contra os 15 jovens activistas angolanos detidos em Junho de 2015 e acusados em Setembro de actos preparatórios para uma rebelião”.

Numa visita ao país em Maio do ano passado, o secretário de Estado John Kerry disse que Angola é um parceiro “muito importante” para os EUA.

“Angola é uma economia que tem crescido muito e continua a crescer. Falámos de formas específicas dos dois países consolidarem essa relação”, adiantou o chefe da diplomacia dos EUA.

BE continua firme

Catarina Martins faz questão de vincar que a prioridade para o Bloco de Esquerda no dia de hoje passa pela necessidade de “manter os olhos postos em Angola”.

A porta-voz do BE lembrou que o activista Luaty Beirão, que hoje terminou a sua greve de fome, conseguiu que os olhos fossem colocados sobre Angola, daí a importância de manter o tema vivo.

E já depois de criticar o Ministério português dos Negócios Estrangeiros, que “demorou um mês para fazer uma visita” ao luso-angolano Luaty Beirão, a líder do BE não esqueceu Rui Machete, que será reconduzido na mesma pasta, dizendo que “foi o homem do BPN que não viu nada quando estava no banco e que ofendeu Portugal quando pediu desculpa ao regime angolano”.

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