Um consórcio de empresas angolanas e chinesas vai investir 12,4 mil milhões de euros na construção, a partir de Agosto, de uma refinaria na província do Bengo, foi hoje divulgado em Luanda.
A refinaria, denominada “Prince de Kinkakala”, vai ser instalada no município do Ambriz e terá capacidade de refinação de 400 mil barris de derivados de petróleo por dia, integrando o consórcio a empresa estatal angolana Sonangol, com uma quota de 40%.
Os restantes 60% do capital social do consórcio promotor são detidos pela empresa privada angolana do sector petrolífero GPM Internacional Services e por um grupo de empresas chinesas.
De acordo com informação daquela empresa angolana, a construção da refinaria, avaliada em 1,7 biliões de kwanzas (12,4 mil milhões de euros) arranca a 28 de Agosto, com o lançamento da primeira pedra, e deverá estar concluída no prazo de cinco anos, devendo mobilizar nesta fase 24.000 trabalhadores.
Prevê ainda a construção de uma central eléctrica com capacidade para produção de 200 megawatts, uma cidade universitária e um complexo hospitalar de referência, gerando 12.000 postos de trabalho directos.
Este empreendimento obrigará ainda a deslocar as populações de duas comunidades do município do Ambriz para complexos habitacionais com um total de 1.000 fogos.
Trata-se da terceira refinaria em construção em Angola – além da única em funcionamento no país, em Luanda, insuficiente para as necessidades nacionais -, que se junta às do Soyo e do Lobito.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com 1,8 milhões de barris de crude diários.
As três novas refinarias angolanas envolvem empresas chinesas e a sua construção permitirá eliminar a necessidade de importação de combustíveis refinados.
É por estas e por outras que, cá no Folha 8, continuamos a cometer o crime contra a segurança do Estado que se chama: Pensar. E, neste caso, pensamos que a colonização chinesa continua a somar pontos.
Um exemplo. A Câmara de Comércio Chinesa em Angola, no âmbito da sua estratégia siamesa de unir ou assimilar mais um país irmão, mesmo que à revelia dos seus habitantes, criou em Luanda algo que fazia falta como pão para a boca dos sessenta e tal por cento de angolanos que passam fome: um centro de serviços para assistência legal e apoio logístico às cada vez mais empresas e cidadãos chineses estabelecidos no nosso país. Uma espécie de filial neo-colonial.
“Actualmente há pelo menos 500 empresas chinesas a operar em Angola e mais de 100 mil expatriados chineses que trabalham em projectos de reconstrução do pós-guerra, dando um notável contributo para o desenvolvimento socio-económico do país africano”, afirma a agência noticiosa Nova China. 100 mil? Os chineses não são, nesta matéria, grade coisa. Facturam por cima e pagam por baixo.
A criação do centro de serviços é justificada, como se isso fosse necessário perante a constatação diária de todos nós, pelos “imensos desafios e dificuldades” resultantes da falta de conhecimento da legislação angolana e das “diferenças culturais” entre os dois países, segundo o secretário-geral da Câmara de Comércio, Zhao Hongbing.
Em matéria de “diferenças culturais”, pelo andar da carruagem “made in China” tudo leva a crer que não tardará muito e os angolanos já estarão assimilados e prontos a ombrear com os seus camaradas da pátria de Mao Tsé-Tung, bem como a ler “O Livro Vermelho” na versão em mplaês.
A nova estrutura, que cooperará com a Embaixada da China em Luanda, ajuda as empresas e cidadãos chineses na obtenção e renovação de vistos, registo de negócios e arbitragem em disputas comerciais. Por outras palavras, vai ajudar a acelerar a colonização chinesa, tal como é desejo de Pequim e perante a permissividade do nosso regime, parte dele formatado pelos mesmos ideais chineses.
“Vai ainda, entre outros aspectos, garantir assistência aos expatriados chineses com dificuldades financeiras”, acrescenta a organização. De facto, o proletariado chinês também precisa de ajuda, sabido que é que funciona como carne para canhão dos grandes interesses do capitalismo comunista chinês.
Angola, assinala a agência noticiosa Nova China, “expulsa anualmente milhares de imigrantes ilegais, na sua maioria provenientes dos países vizinhos e que vêm à procura de oportunidades de emprego”. É verdade. Mas, convenhamos, os chineses não vêm à procura de emprego, pelo contrário. Tiram é o emprego que deveria ser dos nossos cidadãos, mas essa é também uma história conhecida que não tira o sono às autoridades angolanas.
Os dois países estabeleceram em 2010 uma parceria estratégica, que começou na passagem à prática do princípio “oil for money” (petróleo por dinheiro), em que às linhas de crédito chinesas correspondem as exportações de petróleo angolano. Um bom negócio para as duas partes, diz o governo. Mau, afirmam os autóctones que, contudo, nada contam para as contas do regime.
Por alguma razão a China é actualmente, e assim continuará por muitos anos, destino de cerca de metade das exportações de crude angolano.
Os efeitos desta parceria estratégica são evidenciados pelo enorme crescimento das trocas comerciais bilaterais, que aumentaram mais de dois mil por cento entre 2002 e 2012, tornando Angola no segundo país lusófono com relações comerciais mais intensas com a China.
A China concedeu a Angola, com o fim da guerra civil em 2002, apoio financeiro para a reconstrução do país, destruído por um conflito fratricida de cerca de quatro décadas, compensando assim a falhada intenção do Governo angolano de realizar uma conferência internacional de doadores.
Inicialmente baseada em empréstimos monetários, pagos com o petróleo angolano, a cooperação bilateral entre os dois países ficou rapidamente marcada pela presença em Angola de várias empresas chinesas, a investirem nos projectos de reconstrução e de desenvolvimento, sobretudo no sector da construção de edifícios, estradas, pontes, escolas, instalação de fábricas e em outros sectores sociais e económicos.
Apesar do número avançado pela China relativamente a cidadãos chineses ser apenas de 100 mil, as autoridades estimam que residam em Angola, na realidade, cerca de 260 mil chineses, maioritariamente trabalhadores de empresas chinesas da construção civil.