Mais de um terço do capital do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), que conta com activos de 4,88 mil milhões de dólares, estava investido na Europa, segundo informação da auditoria realizada às contas de 2014, hoje divulgada.
D e acordo com a mesma auditoria, realizada pela consultora Deloitte & Touche e divulgada pelo FSDEA, 37% da carteira de investimentos do fundo angolano estava alocada, à data de 31 de Dezembro último, na Europa.
Os investimentos em África tinham um peso de 34% e na América do Norte de 18%, além de opções por outras geografias (11%).
O Fundo Soberano de Angola foi criado pelo executivo em 2012, com uma dotação inicial de cinco mil milhões de dólares, já totalmente transferidos pelo Estado, nomeadamente com recurso às receitas provenientes da exportação de petróleo.
Este fundo, explica o Governo angolano, visa “promover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento socioeconómico” do país, com recurso a uma carteira de investimentos distribuída por várias áreas, incluindo obrigações, compra de moeda estrangeira, de derivados financeiros, títulos do tesouro, de fundos imobiliários e de fundos de investimento.
No final de 2014, os activos de renda fixa deste fundo correspondiam a 2,7 mil milhões de dólares, representando 56% da carteira de investimentos, enquanto investimentos em ramos de infra-estrutura e hotelaria correspondiam a 1,6 mil milhões de dólares e a um peso de 34%.
O FSDEA é liderado por José Filomeno dos Santos, filho do Presidente José Eduardo dos Santos (no poder há 36 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito), que o reconduziu no cargo em Agosto passado.
“Ficamos gratos pela fé demonstrada pelo Executivo, através da renovação do mandato de todo conselho de administração do FSDEA. Interiorizamos igualmente as preocupações legítimas sobre o ritmo de crescimento da economia mundial e o seu impacto na queda dos preços de algumas ‘hard commodities’, como o petróleo bruto”, disse Filomeno dos Santos.
O FSDEA refere que tem vindo a investir, este ano, em vários fundos de investimento de sectores de forte crescimento na África Subsaariana, como infra-estruturas, hotelaria, agricultura, minas, saúde e silvicultura, como estratégia para os “activos alternativos”.
“Estamos motivados pelo desempenho materializado pelo FSDEA com relação ao seu mandato de investir poupanças públicas de forma racional e prudente para garantir um futuro melhor para todos os angolanos. Na prossecução desta tarefa, continuaremos a ajustar periodicamente a abordagem de investimento do fundo para reflectir as realidades atuais dos mercados”, enfatiza o filho do presidente.
Dos três mil milhões de dólares atribuídos para sete fundos de investimento já constituídos, mais de 1,1 mil milhões de dólares encontram-se “comprometidos com implementação, diligência devida ou revisão de projectos comerciais em Angola e outras nações da região subsariana”.
Este fundo é alimentado com parte das receitas petrolíferas angolanas – em 2014 não voltou a receber transferências -, que por seu turno estão em queda face à quebra da cotação internacional do barril de crude e com José Filomeno dos Santos a admitir alterações a alguns planos de investimento e gastos no curto prazo.
“No entanto, são indicadores positivos no médio a longo prazo, porque incentivam ainda mais a diversificação das bases das economias dependentes da extracção de recursos naturais exauríveis”, concluiu Filomeno dos Santos.