O rapper angolano MCK actua hoje, no Musicbox, em Lisboa, num concerto com a presença do cantor angolano Bonga, que foi descrito pelo músico como “um encontro de gerações”, em nome da liberdade de expressão.
E m declarações à agência Lusa, MCK, 34 anos, explicou que já tinha feito curtas actuações em Lisboa, mas considera este o primeiro concerto em nome próprio, numa sala lisboeta.
A razão de ser do concerto é a edição do álbum “Proibido ouvir isto”, de 2012, e que teve uma reedição aumentada neste verão, com um par de temas novos, que é tido como uma referência da nova música de intervenção em Angola.
Para o concerto, convidou Bonga, “o símbolo maior da angolanidade e da liberdade de expressão”, um “músico de intervenção nos anos 1960 e 1970, que sofreu muitas perseguições”, disse MCK, sem referir o que é que ambos irão interpretar, nesta estreia conjunta em palco.
“MCK faz parte de uma nova geração de músicos activistas, que usam as letras como bandeiras contra a corrupção, a pobreza e a falta de emprego”, lê-se na apresentação do concerto.
O músico diz que o faz é um “exercício de consciência sobre tudo aquilo que o angolano produz, que é doce e salgado”. São “reflexões sobre o quotidiano” através do rap, com incursões também na música angolana e nos seus dialectos.
MCK diz que não é o único a fazer crítica social ao que se passa no país. Cita Ikonoklasta, nome artístico do músico luso-angolano Luaty Beirão, um dos cidadãos detidos pelas autoridades angolanas há mais de 70 dias, como MCK faz questão de contabilizar. É garantido que, no concerto de hoje, faça referência a estas detenções.
O rapper e produtor admite que é preciso coragem para não ter medo da exposição mediática, e que o rap é “o modelo jovem de maior pressão política”, junto das instituições governamentais.
Afirma, no entanto, que, se “as eleições não derrubam regimes”, também o rap não conseguirá operar uma mudança a esse nível, mas é o que “movimenta mais os jovens”.