A História é testemunha de episódios macabros, em que se julgavam pessoas de boas intenções mas que, devido a preocupação medonha de líderes que se sentiam ameaçados diante de quem primasse por uma postura correctiva que desembocasse na mudança, eram presas, e procurando recobrar a justiça cometeram injustiças maiores, o que provou o fracasso da justiça comutativa que, muitas vezes, se confunde com a vingança.
Por Marzebólio Lendário
O processo judicial de Jesus, por exemplo, é a demonstração infeliz de uma lei sem justiça. Ultimamente tenho verificado analogias entre o processo judicial de Jesus com o processo dos presos políticos em Angola.
Vejam que Jesus foi julgado sem provas e condenado sem matéria grave, mas como era uma ameaça ao poder de então e por denunciar as suas incompetências, forjaram provas e julgaram-no com o veredicto pré-estabelecido. Foi condenado como delinquente político, justamente para ser apagado da memória do povo.
O processo judicial dos jovens (presos imaculados) começou mal e, por isso, o fim duvido que seja diferente. Nota-se irregularidades e má-fé, e está a fazer-se de tudo para se realizar o que tanto querem: prisão, tudo para se desencorajar os que queiram seguir-lhes o exemplo. Mas nós sabemos que estes jovens querem apenas uma nova Angola, onde haja justiça igualitária e mesmas oportunidades, onde a liberdade e a paz sejam uma realidade vivencial e não retórica inconsequente; eles querem tornar Angola um país verdadeiramente Democrático e de Direito, tal como diz a própria Constituição que ultimamente está sendo ferida. Mas eles foram vistos como rebeldes, criminosos, por exigirem o que a maioria silenciosa necessita.
Estes jovens, desde o início, nunca gozaram da presunção de inocência, pois, o julgamento deles ficou viciado logo à nascença com decisão prévia de chegar à condenação, basta ver que em nenhum momento se atendeu aos seus pedidos: serem julgados em liberdade condicional; mesmo depois de passado o tempo da prisão preventiva, ignoraram o que manda a CONSTITUIÇÃO; apesar da greve de fome que, inclusive, levou um dos presos a bater um recorde, ao privar-se de alimentos durante 36 dias, demonstrou-se que a prioridade do governo é a reposição da “justiça”, nem que para isso se percam vidas humanas. Apesar de muitas petições, nem o habeas corpus lhes foi concedido. Isso ressalta as preferências do Estado, por isso a greve de fome não teve impacto, talvez devido a consciência laxa e a carência de humanidade que afectou muitos que teriam feito algo.
Quando se opta pela lei, ignorando a vida humana, então a justiça se ausenta e a vingança toma lugar.
Eis o escândalo da justiça!
O panorama sócio-cultural e geopolítico de Angola demonstra uma pobreza culpável e uma ignorância provocada. Atingiu-se proporções alarmantes de taras judiciais que atiraram as nossas vidas em calabouços irritantes, enquanto uma certa elite satisfaz os seus caprichos e chafurdam no monturo das suas existências insignificantes, onde o egoísmo e o individualismo se tornaram normas, e isso fez-nos captar uma constelação de interesses cruzados que revelou o rosto destes Predadores da justiça.
Mas eles não escaparão do juízo da história. Acredito que estes jovens serão absolvidos pela História, o mesmo não digo dos seus algozes, que os convido a revisitarem os personagens dos tempos: Mussolini, Hitler, Mobutu, Salazar… que tiveram um fim lamentável; e o mesmo fim, espera por eles. Temos o tempo ao nosso favor para provar que não estamos errados.