A soma das contagens provinciais das eleições gerais em Moçambique dá a vitória à Frelimo, com maioria absoluta no Parlamento, mas longe dos dois terços alcançados em 2009, e também ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi.
Na quinta-feira terminou o apuramento em Sofala e Zambézia, no centro do país, e encerrada a contagem ao nível das onze províncias no país, cabendo agora à Comissão Nacional de Eleições (CNE) o anúncio dos resultados finais preliminares até 30 de Outubro.
O candidato da Frelimo ganhou em Niassa e Cabo Delgado, no norte do país, e obteve expressivas votações nos quatro círculos eleitorais do sul, Maputo Província, Maputo Cidade, Inhambane e Gaza, e deverá conseguir um resultado global próximo dos 57%, à frente de Afonso Dhlakama, com 36%, e de Daviz Simango, líder do MDM, com 6,5%.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e o seu partido ganharam em Sofala e Zambézia, confirmando a boa prestação da maior força de oposição na região centro de Moçambique – onde também venceu as presidenciais em Manica e Tete, além de Nampula, no norte -, mas insuficiente para evitar a vitória iminente da Frelimo e de Nyusi nas eleições gerais.
Nas legislativas, os dados do apuramento provincial apontam para uma vitória da Frelimo, também com 57%, seguida da Renamo (33,8%) e do MDM (9,1%), muito longe dos 75% alcançados há cinco anos, e que deverá significar uma perda de quase 50 dos atuais 191 deputados da maioria no Parlamento.
Segundo os apuramentos provinciais, a Frelimo ganhou as legislativas em Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete e Manica, e em todas as quatro províncias do sul.
A estes resultados provisórios ainda terão de ser somados os votos dos dois círculos na diáspora, onde se espera uma vitória do partido no poder.
Depois de contadas as cerca de 17 mil mesas, o apuramento passou ainda pelas fases distritais e provinciais e só agora serão processados ao nível central pela CNE em Maputo, que, até 30 de Outubro, terá de avaliar os cerca de 700 mil votos nulos bem como as numerosas suspeitas de fraude.
Segundo o boletim sobre o processo político em Moçambique, publicado pelo Centro de Integridade Pública e pela Associação dos Parlamentares Europeus em África, invulgares taxas de participação em alguns distritos sugerem enchimentos de urnas com votos pré-marcados e que, nos cálculos das duas organizações da sociedade civil, podem ter acontecido em 5% das mesas de votação, envolvendo cerca de cem mil votos a mais para a Frelimo e o seu candidato.
Os partidos de oposição têm denunciado fraudes em grande escala no processo eleitoral, incluindo enchimentos de urnas, editais falsos e erros nos cadernos, e ameaçam não reconhecer os resultados da votação.
Na terça-feira, tanto a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia em Moçambique como a embaixada dos EUA em Maputo alertaram para irregularidades no apuramento e apelaram às autoridades eleitorais para a correcção de procedimentos errados.
Em resposta, a CNE declarou na quarta-feira que não vai deixar que fique “qualquer dúvida” em relação aos resultados das eleições gerais.
“Não queremos que nada fique pouco claro. Não queremos que fiquem quaisquer dúvidas”, disse o porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, em entrevista à estatal Agência de Informação de Moçambique (AIM).