A cidade de Montpellier, no sul de França, acolhe, a partir de hoje, a sétima edição do Festafilm – Festival de Cinema Lusófono e Francófono, com o objectivo de lutar contra a “imagem distorcida” da lusofonia, segundo fonte da organização.
E m França, “o cinema lusófono que está em cartaz não é o cinema que representa o que está a acontecer de melhor na actualidade de cada país”, sublinhou a directora de programação do evento, Flávia Vargas Pailhes, acrescentando que “a ideia é mostrar um pouco da cultura lusófona através do cinema, fora do circuito comercial normal”.
O festival, que decorre até ao próximo dia 21, quer “criar uma sintonia entre a francofonia e a lusofonia” e apresenta mais de 80 filmes – entre longas-metragens, documentários e curtas-metragens – do Brasil, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, França, Bélgica, Luxemburgo.
No cinema brasileiro, destaque para “Hoje eu quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro – a película escolhida para representar o Brasil, em 2015, na corrida ao Óscar de melhor filme estrangeiro -, e “Cidade de Deus – 10 anos depois”, um documentário de Cavi Borges e Luciano Vidigal, sobre o filme de Fernando Meirelles.
O cartaz conta também com o documentário “A Sétima Vida de Gualdino”, do realizador português Filipe Araújo, Melhor Filme Português do Festival Temps D´Images, que conta a história do baterista Gualdino Barros, que actuou com protagonistas do jazz como Nina Simone e Bud Powell e lançou dezenas de músicos como Jorge Palma, Bernardo Sassetti e Dany Silva.
“Les mauvais rêves de monsieur Antunes” (“Os maus sonhos do senhor Antunes”), da franco-portuguesa Maria Pinto, sobre o escritor António Lobo Antunes, e “Portugal, l’Europe de l’incertitude” (“Portugal, os caminhos da incerteza”), do francês François Manceaux, são outras obras do programa.
A Guiné-Bissau vai estar representada pela curta-metragem “Tabatô”, do português João Viana, e pelo documentário “Geração do amanhã”, de Carlos Vaz. De Angola vai ser projectado o documentário “Angola Ano Zero”, do realizador cubano Ever Miranda e do produtor angolano Ngoi Salucombo.
O Festafilm nasceu em 2008 e quer dar a conhecer ao público francês os filmes em língua portuguesa, ainda que Flávia Vargas Pailhes reconheça que “é muito difícil trazer filmes da África Lusófona”, porque “não há muitos filmes produzidos” e porque se trata de um “festival pequeno e é muito difícil entrar em contacto com Cabo Verde, Moçambique e mesmo com Angola porque não têm tanto interesse em participar”.
O festival também quer dar a conhecer os filmes franceses ao público lusófono através de parcerias com festivais de países de língua portuguesa como o Festival Internacional de Cinema AVANCA, em Portugal, o Festival Ibero-americano de Cinema de Sergipe – CURTA-SE, no Brasil, e o Festival Internacional de Cinema de Luanda – FIC Luanda.
Além dos filmes que vão ser exibidos em três salas de cinema de Montpellier, a programação conta com concertos de música brasileira e duas exposições de fotografia.