O Exército do Burkina Faso conseguiu ocupar quatro importantes pastas no Governo de transição, pelo que mantém o seu poder apesar da nomeação de um líder civil como presidente interino do país.
O tenente-coronel e primeiro-ministro, Isaac Zida, vai ocupar a pasta da Defesa, enquanto outros altos cargos do Exército ficarão à frente dos ministérios de Minério e Energia, Administração Territorial e Segurança e Desporto, segundo um decreto anunciado pelo Presidente Michel Kafando.
Assim, o Exército, que proclamou Zida como chefe de Estado após a demissão e fuga do anterior Blaise Compaoré, no início do mês, conseguiu manter importantes cargos de poder num Governo de transição que, tanto a oposição como a comunidade internacional, exigiram desde o início que fosse de cariz civil.
Contudo, finalmente aceitaram o pedido dos militares no sentido de estarem presentes no Governo a favor da estabilidade no país.
Por seu lado, Kafando ficará à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Regional, enquanto o Ministério da Justiça será liderado por Josephine Ouedraogo, ex-ministra de Thomas Sankara, presidente que morreu no golpe de Estado que levou Compaoré ao poder.
Ouedraogo ficará responsável por supervisionar todos os assuntos relacionados com as investigações aos restos mortais de Thomas Sankara, considerado o “Che Guevara africano”, e cuja morte nunca foi alvo de uma investigação.
Recentemente, Kafando anunciou que o Governo iniciará uma investigação para averiguar o paradeiro real do corpo do ex-presidente, que alegadamente estará enterrado no cemitério de Dagnoen, nos arredores da capital do Burkina Faso.
Segundo a Carta da Transição, acordada pelo Exército, partidos políticos e sociedade civil, o novo Governo terá que realizar eleições em Novembro de 2015 e nenhum dos atuais titulares – incluindo o Presidente e o primeiro-ministro – poderá participar.
A intenção de Compaoré de reformar a Constituição para se poder candidatar a um quinto mandato presidencial em 2015 causou uma onda inédita de manifestações que o obrigaram a demitir-se e a abandonar o país a 01 de Novembro.