A antiga primeira-dama de Moçambique, Graça Machel, apelou hoje às universidades moçambicanas para investirem em cursos que assegurem a independência económica do país e meios para explorar o potencial dos recursos naturais.
Durante uma conferência na Universidade Eduardo Mondlane, a antiga ministra da Educação e da Cultura durante a governação do seu marido, Samora Machel, desafiou as universidades a criarem uma nova geração de estudantes que deve procurar a “independência na capacidade de controlar e de dirigir o desenvolvimento do país”.
O “sentido de prioridades perdeu-se pelo caminho” e hoje, com 48 universidades, “todas com cursos de gestão”, no país “muitos milhões de moçambicanos vão para a cama sem comer”, o que leva a activista a considerar Moçambique tem de “revisitar as suas prioridades”.
Em 14 de Novembro de 2008, Graça Machel dedicou às mulheres do seu país e às “crianças que não conhecem a paz” o doutoramento “Honoris Causa” que recebeu da secular Universidade de Évora, em Portugal.
Após um discurso de cerca de 20 minutos, na sala dos actos da academia alentejana, depois de receber o grau honorífico, Graça Machel chamou à atenção para as “responsabilidades” de todos, como pessoas adultas, para com “os mais vulneráveis, sobretudo crianças que não conhecem a paz”.
“Eu não vejo isto (a distinção) como um reconhecimento pessoal”, disse Graça Machel, acrescentando que “é-me prestada pela modesta contribuição que tenho vindo a dar ao longo da minha vida adulta quer no domínio da educação, quer da promoção dos direitos das mulheres e das crianças”.
A atribuição do grau honorífico a Graça Machel, a mais alta distinção da Universidade de Évora, deveu-se ao “seu papel social a favor da ampliação e generalização dos direitos humanos, em especial das mulheres e crianças, e da criação de uma sociedade civil internacional”.
Graça Machel juntou-se na altura a uma “galeria” de personalidades já agraciadas pela Universidade de Évora, que inclui nomes como José Saramago, Sebastião Salgado, Ximenes Belo, Mário Soares, a rainha Sofia de Espanha, Cláudio Torres, Rómulo de Carvalho, o músico catalão Jordi Saval e o jornalista e escritor libanês Amin Maalouf.