Um relatório do departamento de Estado dos EUA aponta Angola como país de “origem e destino” para tráfico de homens, mulheres e crianças para sexo e trabalhos forçados, também para Portugal, mas admite esforços governamentais.
D e acordo com o Relatório Global de Tráfico de Pessoas – 2015, há angolanos “forçados a trabalhar” na agricultura, pesca, construção, serviços domésticos e exploração artesanal de diamantes no país.
Acrescenta o documento, de 27 de Julho, que cidadãos chineses “exploram crianças angolanas” em “fábricas de tijolos, construção e actividades agrícolas” em Angola e que meninas a partir dos 13 anos são forçadas à prostituição.
Refere ainda que rapazes angolanos são levados para a Namíbia (fronteira sul) para trabalhar no “pastoreio de gado”, enquanto outros são “forçados” a servir como “mensageiros” em redes ilegais de importação no comércio transfronteiriço.
“Mulheres angolanas e crianças são submetidas a servidão doméstica e escravidão sexual na África do Sul, Namíbia e países europeus, incluindo a Holanda e Portugal”, lê-se no documento.
No sentido inverso, o departamento de Estado norte-americano reconhece que mulheres do Vietname e do Brasil são alvo de tráfico para prostituição em Angola, juntamente com chinesas e congolesas, estas também para trabalhos forçados no país e alvo de vários tipos de violência.
“O Governo de Angola não cumpre totalmente com os padrões mínimos para a eliminação do tráfico [de seres humanos], no entanto, está a fazer esforços significativos para tal. Durante o período do relatório (2014), o Governo demonstrou maior interesse sobre questões de tráfico de pessoas e fez esforços para melhorar a sua capacidade para lidar com este crime”, refere ainda o relatório norte-americano.
Referindo-se a acções de formação de 400 agentes, policiamento e campanhas de sensibilização, o Governo norte-americano melhorou o nível da classificação angolana nesta matéria.
As autoridades angolanas identificaram 17 potenciais vítimas de tráfico humano entre crianças em 2014, mas os esforços para identificar e proteger vítimas adultas foram “insuficientes”, observa ainda o relatório.
Além disso, acrescenta, nunca foi condenado um “ofensor” por tráfico, “apesar de anos de relatórios” sobre “empresas de construção envolvidas no trabalho forçado” e sem que o Governo investigue os “abusos no sector da construção em Angola” ou “responsabilize” os promotores do trabalho forçado a que são sujeitos angolanos e estrangeiros.
Nas recomendações a Angola, o relatório exorta à utilização das disposições do código penal revisto “para investigar e reprimir as infracções” no trabalho e no “tráfico sexual”, bem como a “continuar a formar a polícia” e a “investigar sistematicamente o tráfico de trabalho no sector da construção”.
Ainda a “desenvolver procedimentos sistemáticos para a identificação e encaminhamento das vítimas de tráfico”, a formar funcionários governamentais, além de fornecer abrigo, aconselhamento e assistência médica para as vítimas, crianças e adultos, “directamente ou em parceria com as Organizações Não Governamentais (ONG)”, entre outras medidas.