Os EUA e Cuba reabrem hoje as respectivas embaixadas em Havana e Washington, reatando relações diplomáticas sete meses após o início de um histórico processo de reaproximação, ao fim de 54 anos de costas voltadas.
O restabelecimento oficial das relações diplomáticas entre os dois países, após mais de meio século de tensões herdadas da Guerra Fria, marca o fim da primeira fase desse processo iniciado a 17 de Dezembro de 2014, mas o Presidente cubano, Raúl Castro, insiste em que as relações bilaterais só serão normalizadas quando o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, utilizar os seus “poderes executivos” para pôr fim ao embargo imposto à ilha em 1962.
Além disso, o chefe de Estado cubano exige também que os EUA devolvam o território “ilegalmente ocupado” da base naval de Guantánamo.
Outra das exigências de Havana para a normalização de relações com Washington é que acabe com as “transmissões de rádio e televisão ilegais”, elimine programas para promover a “subversão e a desestabilização internas” e compense o país “pelos danos humanos e económicos” que as políticas norte-americanas causaram.
“Podemos cooperar e coexistir civilizadamente, em benefício mútuo, acima das diferenças que temos e teremos, e com isso contribuir para a paz, a segurança, a estabilidade, o desenvolvimento e a equidade no nosso continente e no mundo”, afirmou Raul Castro num discurso na Assembleia Nacional de Cuba.
As relações diplomáticas entre os dois países estavam suspensas desde 1961, após uma decisão do Presidente norte-americano John F. Kennedy, na sequência de uma aproximação dos revolucionários castristas à União Soviética e a confiscação dos bens norte-americanos.
Desde 1977, os dois países, separados apenas pelo estreito da Florida (sudeste dos EUA), estão representados apenas através de secções de interesses em Washington e Havana, encarregadas de tarefas consulares.
A reabertura de embaixadas segue-se ao anúncio histórico, em Dezembro, de uma reaproximação entre estes dois países, após mais de cinco décadas de hostilidade e desconfiança.
No final de maio, Washington levantou o principal obstáculo ao reatamento de relações diplomáticas ao retirar Cuba da “lista negra” norte-americana de Estados que apoiam o terrorismo.