O Presidente vitalício de Angola, também Presidente do MPLA e Chefe do Governo, José Eduardo dos Santos, afirmou hoje que a queda do preço do petróleo, que já vai levar o Governo a avançar com um orçamento rectificativo para 2015, “estimula a criatividade” e promove “novas oportunidades”.
O chefe de Estado falava no Palácio Presidencial, em Luanda, na habitual cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelo corpo diplomático e consular acreditado em Angola, a quem pediu apoio para ultrapassar as dificuldades que se avizinham.
“No plano bilateral, queremos sublinhar que vamos continuar a ter os vossos países como bons parceiros, neste ano em que até a queda do preço do petróleo cria desafios, mas também estimula a criatividade e o surgimento de novas oportunidades”, apontou José Eduardo dos Santos.
Na mesma mensagem, perante dezenas de diplomatas, o Presidente apelou à mobilização de investimentos para o país, certamente uma boa forma de os poucos que têm milhões sofrerem um pouco mais e, por isso, passarem a ter mais… milhões.
Ou, como acontecerá, uma forma de os milhões que têm pouco ou nada sentirem o esforço colectivo para que continuem a ter… pouco, nada ou ainda menos.
“Queremos bem contar com a vossa sabedoria (corpo diplomático), o vosso empenho, para mobilizarem as boas vontades nos vossos países, para que possam canalizar cada vez mais investimentos para a República de Angola”, disse ainda o dono disto tudo (DDT).
E certamente que a ajuda externa não faltará, sendo essencial para que o clã presidencial e os seus servos continue a ter à mesa trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005.
Isso ao mesmo tempo que, ali ao lado do Palácio Presidencial, das embaixadas e dos consulados, o povo mantenha a fidalguia do peixe podre, fuba podre e porrada se refilar.
Entretanto, o MPLA, partido no poder desde 1975, a que José Eduardo dos Santos preside desde 1979 , recomendou esta semana, por ordem do Presidente da República e Chefe do Governo, a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2015, face à redução da cotação do barril de petróleo, orçamentado pelo Executivo em 81 dólares mas que está hoje cotado em menos de 50 dólares.
Em 2014, o barril de petróleo para exportação foi vendido por Angola a mais de 100 dólares e a quebra da cotação já tinha levado o Presidente a classificar 2015 como um ano “difícil” e de contenção orçamental. Com uma previsão de 81 dólares por barril – utilizado para calcular as receitas fiscais -, o OGE 2015 já previa um défice de 7,6% do Produto Interno Bruto.