O Governo angolano, do MPLA há 50 anos, disse hoje que o sector dos transportes se consolida como motor de progresso económico e social do país, conectando diferentes regiões do país e posicionando Angola de forma competitiva e integrada no continente e no mundo. Só faltou dizer que, em 1975, os portugueses nem um quilómetro de estrada tinham construído…
De acordo com o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo (Daniel Sandão Queirós Viegas) de Abreu, o sector que dirige adoptou formalmente, desde 2018, uma abordagem integrada, estruturada e orientada para o desenvolvimento sustentado, o que permitiu consolidar o transporte como motor de progresso económico e social do país. O sucesso foi tanto que Angola hoje apenas tem 20 milhões de… pobres.
“Esta estratégia do sector “permitiu igualmente conectar eficientemente as diferentes regiões do país e posicionar Angola de forma competitiva e integrada no continente e no mundo”, afirmou hoje o governante na abertura da primeira edição do “Angola Hub Transporte e Logística Summit 2025”.
O transporte “deixou de ser apenas um serviço ou um instrumento de sobrevivência. Transformou-se num elemento estratégico de transformação, sinalizando a capacidade de o país transformar desafios históricos em oportunidades reais do futuro”, referiu.
E tudo a partir do zero que os portugueses deixarem em 1975. Recorde-se que nesse ano, sem transportes nem estruturas necessárias, Angola, em 1974, era o terceiro maior produtor mundial de café, o quarto maior produtor mundial de algodão, o primeiro exportador africano de carne bovina; o segundo exportador africano de sisal; o segundo maior exportador mundial de farinha de peixe; por via do Grémio do Milho tinha a melhor rede de silos de África; tinha o CFB — Caminho de Ferro de Benguela, do Lobito ao Dilolo‒RDC, o CFM — Caminho de Ferro de Moçâmedes, do Namibe até Menongue, o CFA — Caminho de Ferro de Angola, de Luanda até Malange e o CFA — Caminho de Ferro do Amboim, de Porto Amboim até à Gabela.
Também tinha no Lobito estaleiros de construção naval da SOREFAME; tinha pelo menos três fábricas de salchicharia; quatro empresas produtoras de cerveja, de proprietários diferentes; quatro fábricas diferentes de tintas; duas fábricas independentes de fabricação ou montagem de motorizadas e bicicletas; seis fábricas independentes de refrigerantes, nomeadamente da Coca-Cola, Pepsi-Cola e Canada-Dry, bebidas alcoólicas à base de ananás ou de laranja. E havia ainda a SBEL, Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito.
Além disso também tinha a fábrica de pneus da Mabor; três fábricas de açúcar, a da Tentativa, a da Catumbela e a do Dombe Grande; era o maior exportador mundial de banana, graças ao Vale do Cavaco; uma linha de montagem da Hitachi, dos óleos alimentares da Algodoeira Agrícola de Angola, e da portentosa indústria pesqueira da Baía Farta e de Moçâmedes, e da EPAL, fábrica de conservas de sardinha e de atum.
Regressemos ao milagre protagonizado pelo MPLA que lhe permitiu, segundo o seu presidente, general João Lourenço, fazer mais em 50 anos do que os portugueses em, pelo menos, 500. Com as ações e transformações registadas no sector, quer nos domínios regulatórios, como de investimentos e parcerias, Ricardo de Abreu sinalizou (descoberta digna – já agora – de um qualquer Prémio Nobel) que “Angola não é apenas um ponto no mapa”, garantindo que o país “é cada vez mais um ponto de viragem no futuro logístico de África”. Quem sabe, de todo o mundo.
Segundo o governante do MPLA, a cimeira que se iniciou que decorre na capital do reino (à qual se pode chegar por terra, mar e ar), nasce com a missão clara de afirmar cada vez mais Angola como um “hub” (eixo) aéreo, marítimo, portuário e ferroviário.
O país tem potencialidades para “ligar África e o mundo” (até mesmo pelo espaço graças aos satélites do MPLA, os AngoSat), consolidar a soberania, “impulsionar crescimento económico e projectar o país com frequência continental neste sector de actividade”, assinalou o ministro, referindo que Angola registou um dos maiores processos de reconstrução de infra-estruturas do continente africano, a ponto de estar quase a registar a patente de como ensinar os angolanos a viver sem… comer.
Para Ricardo de Abreu, as atividades desenvolvidas pelo sector ao longo dos anos “evidencia que os transportes em Angola não são apenas hoje uma questão de mobilidade”, mas “um reflexo da capacidade de o país planear e implementar soluções estruturadas a longo prazo”.
Considerou tratar-se também de capacidade de alinhar infra-estruturas, estratégia e visão, de garantir financiamento e de assegurar que cada investimento no sector contribui para a criação de riqueza, para progresso colectivo e para o reforço da identidade nacional.
Registe-se, igualmente, que o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos de Angola, Marcy Lopes, disse recentemente que a atribuição de Bilhete de Identidade é “ainda motivo de preocupação”, salientando que apenas 16 milhões de angolanos, menos de metade da população, possui este documento…
As concessões portuárias, o Corredor do Lobito — “que fortaleceu a posição geoestratégica de Angola a nível regional e que mudou em definitivo a forma como as grandes potências económicas mundiais passara a olhar para Angola” — e a criação de órgãos reguladores foram ainda destacadas por Ricardo de Abreu.
Relembre-se que o Presidente “4 em 1”, João Lourenço, assinalou em Julho de 2023 o início da concessão ferroviária do corredor do Lobito, cerimónia à qual assistiram os seus homólogos da Zâmbia (Hakainde Hichilema) e da República Democrática do Congo (Félix Antoine Tshisekedi).
Antes, no dia 30 de Julho de 2022, no Bié, João Lourenço disse que queria o Caminho-de-Ferro de Benguela a funcionar “com eficiência, como no tempo colonial”. Isto apesar de dizer que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portugueses em 500…
O sector dos transportes “é hoje um verdadeiro e relevante motor de crescimento económico e da integração regional”, com projectos que elevam Angola a um novo patamar, destacando ainda a construção e operacionalização do Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, “o genocida”.
A nova infra-estrutura aeroportuária, que a partir de domingo começa a receber voos internacionais da transportadora aérea angolana (em fase de pré-falência) TAAG, “é hoje a porta de Angola para o mundo, que consolida o país como mapa aéreo regional, atraindo investimentos, conectando pessoas e mercadorias e projetando a imagem do país internacionalmente”, rematou.
O “Angola Hub Transporte e Logística Summit 2025”, plataforma de diálogo, negócios, exposições e cooperação, nomeadamente da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), congrega ainda mais de 100 empresas angolanas e internacionais e 24 ‘startups’ da região.
O evento, organizado pelo Governo de Angola, decorre sob o lema “Conectando Oportunidades, Gerando Valor Global”.