MAGNATAS RUSSOS NO REINO UNIDO: JUSTIÇA OU PERSEGUIÇÃO?

Desde o início da guerra na Ucrânia, vários oligarcas russos viram as suas fortunas congeladas e bens confiscados no Reino Unido. Entre eles, nomes de peso como Roman Abramovich, antigo dono do Chelsea, que perdeu o controlo do clube e viu o seu império desmoronar-se. Mas até que ponto estas medidas são justas?

Por Malundo Kudiqueba

O crime não é transferível. O crime não é transmissível. Se Vladimir Putin tomou decisões políticas controversas, os cidadãos russos espalhados pelo mundo não podem pagar simplesmente por serem russos. Penalizar empresários que construíram os seus impérios fora da política é uma violação grosseira dos princípios da justiça.

A perseguição a magnatas russos tornou-se um espectáculo mediático, onde sanções se confundem com retaliações indiscriminadas. Abramovich, que sempre manteve um perfil discreto na política, foi tratado como um alvo fácil, apenas para satisfazer a ânsia do Ocidente por um culpado.

Outro exemplo desta hipocrisia internacional é o Zimbábue. As sanções aplicadas contra Robert Mugabe continuam em vigor, mesmo após a sua morte. A pergunta é inevitável: afinal, essas sanções eram contra Mugabe ou contra o povo zimbabueano? Se fossem dirigidas apenas ao ex-presidente, já teriam sido levantadas. Mas o que vemos é uma punição colectiva, que atinge milhões de pessoas inocentes. Isto não é justiça, é vingança disfarçada de moralidade.

As sanções não atingem apenas os indivíduos, atingem países inteiros. A Rússia, por exemplo, foi banida de competições internacionais, como os Jogos Olímpicos e o Campeonato do Mundo de Futebol. Mas que culpa têm os atletas russos, que treinaram uma vida inteira, pelo que o seu governo decide?

Se a justiça internacional quer manter a sua credibilidade, precisa de diferenciar indivíduos de governos. O que vemos hoje não é punição por crimes provados, mas sim uma caça às bruxas moderna. E a história ensina-nos que essas perseguições raramente terminam bem.

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