O Presidente do MPLA, que por inerência é também Presidente da República de Angola (para além de Titular do Poder Executivo), general João Lourenço, diz – numa erudita interpretação – que a estabilidade do kwanza não depende de “uma varinha mágica” e que é preciso trabalhar e produzir mais para a moeda angolana ganhar força, na cerimónia de inauguração da Casa do Kwanza. Crê-se, aliás, que a tese da “varinha mágica” será tema de próximas teses de pós-doutoramento na Universidade Agostinho Neto.
Assim, o general João Lourenço, diz que “precisamos de trabalhar mais, precisamos de produzir mais”, isto quando questionado sobre a estabilidade do kwanza, após inaugurar a Casa do Kwanza, o centro logístico de armazenamento, processamento e distribuição de moedas e notas do Banco Nacional de Angola (BNA), que visa agilizar o fluxo de numerário com os bancos comerciais.
“A força do kwanza depende da força da nossa economia, do que nós produzirmos”, continuou o Presidente do MPLA (partido no Poder há 50 anos), salientando que não depende simplesmente de uma varinha mágica e que ficaram para trás os tempos da taxa de câmbio fixa.
“Nas economias de mercado isso não acontece, as taxas dependem de um conjunto de factores, sobretudo da produção, do Produto Interno Bruto (PIB), daquilo que o país consegue oferecer para o consumo da indústria, das populações”, complementou com uma perspicácia intelectual reconhecida por todos os angolanos, nomeadamente pelos mais de 20 milhões de pobres.
O kwanza desvalorizou-se mais de 10% face ao dólar em 2024, iniciando o ano a valer 812 kwanzas e terminando nos 912 kwanzas, valor que se tem mantido sem flutuação desde Janeiro de 2025.
O (também) chefe do executivo angolano manifestou “orgulho” por inaugurar a infra-estrutura no ano em que o país vai completar o 50.º aniversário da independência e considerou que esta fazia falta devido à condições precárias do edifício central do BNA do ponto de vista de segurança, precariedade certamente imputável aos portugueses.
“A moeda tem a ver com a nossa própria soberania, proteger a nossa moeda não é fácil, mas é importante e necessário. Acreditamos que com toda a tecnologia de ponta que está instalada nestas novas instalações, a nossa moeda estará mais bem protegida e melhor poderemos servir a nossa economia”, destacou.
O chefe do executivo abordou também o combate à corrupção, vincando a determinação em acabar com a impunidade.
“O importante é que não haja impunidade, nunca ninguém disse que vamos acabar com a corrupção em Angola, isso é uma luta inglória, não existe país nenhum que o tenha conseguido fazer. O importante é que aqueles que foram apanhados na luta contra a corrupção não beneficiem de nenhum tipo de impunidade”, reiterou. Sendo, recorde-se, que todos esses criminosos pertencem ao MPLA.
A Casa do Kwanza, empreendimento que custou cerca de 155 milhões de euros, segundo os cálculos da Lusa, começou a ser construída em Agosto de 2021 e ocupa um lote de 10 hectares na periferia de Luanda.
Segundo o governador do BNA, Manuel Tiago Dias, foram gastos 1,1 mil milhões de kwanzas (cerca de 1 milhão de euros) no projecto e fiscalização, 71 mil milhões de kwanzas (73,68 milhões de euros) na construção, a cargo da Omatapalo (empresa ligado ao MPLA), 1,5 mil milhões de kwanzas (1,55 milhões de euros) no desembaraço aduaneiro e 83 milhões de euros na consultoria e instalação de equipamentos de tesouraria, software de segurança e automatização dos processos.
O governador salientou que a infra-estrutura vai aumentar a capacidade de atendimento aos bancos comerciais, aumentar a capacidade de armazenamento de notas e moedas e reduzir a intervenção humana no manuseamento de numerário.