UM HOSPITAL EM CADA ESQUINA

Até 2026, o mais tardar, poderão estar concluídos e entrar em funcionamento o Hospital Municipal de Porto Amboim, o Instituto de Anatomia Forense, o Hospital Geral de Mbanza Kongo, o Complexo Hospitalar Pedro Maria Tonha “Pedalé”, o Hospital Geral do Uíge e o Hospital Américo Boavida.

Por Orlando Castro

A informação foi avançada pelo Presidente da República, general João Lourenço, durante a apresentação da Mensagem sobre o Estado do reino, na abertura do Ano Parlamentar referente à 3.ª Sessão Legislativa da V Legislatura da Assembleia Nacional.

Foi pena não se ter divulgado a listagem dos novos hospitais por parte do Presidente do MPLA, ou a do Titular do Poder Executivo. Embora todas não passem de propaganda, repetida até à exaustão nos últimos 49 anos, fica sempre bonito dizer que Angola vai ter um hospital em cada esquina, mesmo sabendo-se que os dirigentes do MPLA, a começar pelo seu Presidente, sempre que têm uma bitacaia vão tratar-se em Portugal, Espanha ou Dubai.

(Auxiliar de leitura para os dirigentes do MPLA. Bitacaia: Insecto díptero da família dos tungídeos (Tunga penetrans), frequente em regiões quentes, que se pode introduzir na pele dos hospedeiros e provocar ulcerações. Origem etimológica: umbundo ovitakaia.)

O general João Lourenço disse estar também prevista a entrada em funcionamento do Hospital Pediátrico do Huambo, o Hospital Materno-Infantil da Huíla, o novo Hospital de Queimados da província de Luanda, o Hospital Materno-Infantil de Benguela, o Hospital Geral da Catumbela e o novo Hospital Oncológico em Luanda.

Na estratégia de trocar seis por meia dúzia, colocando na testa de cada angolano o letreiro “Matumbos”, o Executivo, segundo o general João Lourenço, é aumentar a cobertura do Serviço Nacional de Saúde, actualmente numa “transformação verdadeiramente estrutural”. Tão estrutural que tudo vai ficar na mesma, desde logo graças ao êxito do programa “Aprender a viver sem comer” que, excluindo os que morrem, tem sido um êxito assinalável e merecedor, no mínimo, de um Prémio Nobel.

“É uma aposta coerente, clara e correcta para a expansão da rede sanitária, actualmente constituída por 3.346 unidades, sendo 3.094 postos e centros de saúde, 173 hospitais municipais, 23 hospitais provinciais, 34 hospitais especializados e 22 hospitais centrais”, sustentou o general, provando a sua teses de que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portugueses em 500.

Para acompanhar o que chama de dinâmica do desenvolvimento tecnológico no domínio da saúde, o general representante de Deus no reino (ou será o próprio Deus?) mencionou o Programa de Implementação de Cirurgia Robótica no início deste ano, com o apoio de uma equipa de especialistas dos Estados Unidos da América, e garantiu que o MPLA pretende continuar a consolidar a aposta no tratamento de pessoas com insuficiência renal através do aumento da capacidade de prestação de serviços de hemodiálise.

O Chefe do Reino reconheceu a necessidade de mais quadros bem preparados para responder aos desafios e recordou que está a ser implementado um ambicioso plano de especialização de profissionais de saúde, que prevê formar cerca de 38 mil profissionais de saúde, com ênfase para a formação de equipas de saúde familiar para os cuidados primários de saúde, com o objectivo de assegurar os serviços de proximidade.

Como resultado dos investimentos feitos, o actual dono de Angola informou que o país diminuiu as evacuações para o exterior, pela Junta Nacional de Saúde, melhorou os indicadores de saúde pública, os indicadores administrativos de cobertura de vacinação de rotina, os óbitos por desnutrição, e aumentou, em 70 por cento, a taxa de sucesso no tratamento da tuberculose, a capacidade de diagnóstico e de tratamento da lepra, bem como o número de pobres (20 milhões).

O país, acrescentou ainda o generalíssimo João Lourenço, aumentou em 70 por cento as unidades sanitárias de primeiro nível que realizam diagnóstico e seguimento da hipertensão e das diabetes, e registou uma redução da taxa de mortalidade por malária. Malária que estava extinta quando MPLA assumiu, há 49 anos, a liderança do reino.

Na ocasião, o general Presidente do Reino garantiu que o Governo (também por ele liderado) está também a trabalhar (afincada)mente para melhorar e aumentar a cadeia de abastecimento de medicamentos, vacinas, reagentes e insumos médicos. Ou seja, falta quase para pouco para Angola entrar definitivamente no paraíso.

Os incentivos passam pelos quadros que prestam serviço nas localidades mais recônditas, onde o Governo está a implementar medidas de discriminação positiva nos municípios mais carenciados, nomeadamente os subsídios de isolamento, de renda e de instalação.

Resumindo, qualquer semelhança de Angola com uma Democracia e um Estado de Direito é mera, ténue e delirante coincidência.

Imagem: Cartoon de Sérgio Piçarra publicado em 3 de Dezembro de 2021 no Novo Jornal

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