MPLA ANUNCIA MILAGRE EM 2025

O Comité Central (CC) do MPLA, partido no poder em Angola, convocou para 6 e 7 de Dezembro, a realização do VIII congresso extraordinário, destinado a fazer o balanço dos 50 anos de independência do país, a que correspondem 50 anos de poder do MPLA. É meio século em que, segundo o general João Lourenço, fizeram mais do que os portugueses em 500 anos. Uma verdade mensurável, por exemplo, no número de pobres. Apenas e só… mais de 20 milhões.

No comunicado final da III sessão extraordinária do CC, que se realizou hoje em Luanda, o MPLA exortou os militantes, amigos e simpatizantes, mais ou menos (segundo o Departamento de Informação e Propaganda do partido) 35 milhões…, a “engajarem-se com dinamismo e responsabilidade na preparação deste importante evento”.

No seu discurso de abertura, o presidente do partido, presidente da Re(i)pública, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, general João Lourenço, disse que o país (queria certamente dizer reino) deve orgulhar-se da sua história, da sua trajectória ao longo deste quase meio século de existência, e destacou que, nos últimos anos, Angola vem melhorando a sua reputação e granjeando um grande prestígio na arena internacional, graças não apenas à sua dinâmica diplomacia, mas sobretudo pelas reformas realizadas em diversos domínios da vida política, económica e social do país.

Acresce, importa reconhecê-lo, que o MPLA é detentor do único herói nacional de Angola, Agostinho Neto, bem como do raro privilégio de ter um dos seus presidentes (Agostinho Neto) como o maior genocida (assassino) da nossa história, distinção merecida por ter mandado assassinar cerca de 80 mil angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977

Segundo o general João Lourenço, nos próximos dias, o executivo angolano vai aprovar o amplo programa das comemorações dos 50 anos da independência nacional (proclamada a 11 de Novembro de 1975), festa nacional que decorrerá ao longo de 2025.

Os festejos vão contar com actividades políticas, culturais, recreativas, desportivas, feiras e exposições, inaugurações de infra-estruturas e empreendimentos económicos e sociais, tendo o seu ponto mais alto em Novembro, quando se conta receber “importantes convidados”, que vão partilhar “a alegria de um povo livre e independente”. Integrarão – presume-se – essa caravana de “importantes convidados” os 20 milhões de pobres existentes, apesar dos esforços do MPLA para que aprendam a viver sem comer.

“Os cidadãos angolanos, partidos políticos, igrejas, associações cívicas, serão participantes activos desse grande acontecimento, para o qual Angola chama todos os seus filhos”, disse o general, antes da sua frugal refeição de trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas e umas garrafas de Château-Grillet 2005.

Na reunião de hoje do CC, foram apreciados e aprovados vários documentos, entre os quais o programa geral do congresso e o programa interno do congresso, o cronograma indicativo de acções para o congresso sob a tese “MPLA – da Independência aos Nossos Dias: O Desafio Futuro”.

De acordo com o comunicado, o CC saudou “efusivamente os esforços do executivo, liderado pelo camarada presidente, João Lourenço, na condução da política externa, com vista à promoção e prestígio do país, à atracção de investimentos e ao reforço da paz e segurança em África e no mundo”.

Como sugestão para a ementa dos convidados que chegarão de todo o mundo, recordamos que, em Julho de 2008, os líderes das oito economias mais industrializadas do mundo (G8), reunidos no Japão numa cimeira sobre a fome, causaram espanto e repúdio na opinião pública internacional, após ter sido divulgada aos órgãos de comunicação social a ementa dos seus almoços de trabalho e jantares de gala.

Reunidos sob signo dos altos preços dos bens alimentares nos países desenvolvidos – e consequente apelo à poupança -, bem como da escassez de comida nos países mais pobres, os chefes de Estado e de Governo não se inibiram de experimentar 24 pratos, incluindo entradas e sobremesas, num jantar que terá custado, por cabeça, a módica quantia de 300 euros.

Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas eram apenas alguns dos pratos à disposição dos líderes mundiais, que acompanharam a refeição da noite com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que estava avaliado em casas da especialidade online a cerca de 70 euros cada garrafa.

Não faltou também caviar legítimo com champanhe, salmão fumado, bifes de vaca de Quioto e espargos brancos. Nas refeições estiveram envolvidos 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin.

Segundo a imprensa britânica, o “decoro” dos líderes do G8 – ou, no mínimo, dos anfitriões japoneses – impediu-os de convidar para o jantar alguns dos participantes nas reuniões sobre as questões alimentares, como sejam os representantes da Etiópia, Tanzânia ou Senegal.

Os jornais e as televisões inglesas estiveram na linha da frente da divulgação do serviço de mesa e das reacções concomitantes. Dominic Nutt, da organização Britain Save the Children, citado por várias órgãos online, referiu que “é bastante hipócrita que os líderes do G8 não tenham resistido a um festim destes numa altura em que existe uma crise alimentar e milhões de pessoas não conseguem sequer uma refeição decente por dia”.

Para Andrew Mitchell, do governo-sombra conservador, “é irracional que cada um destes líderes tenha dado a garantia de que vão ajudar os mais pobres e depois façam isto”.

A cimeira do G8, realizada no Japão, custou um total de 358 milhões de euros, o suficiente para comprar 100 milhões de mosquiteiros que ajudam a impedir a propagação da malária em África ou quatro milhões de doentes com Sida. Só o centro de imprensa, construído propositadamente para o evento, custou 30 milhões de euros.

Folha 8 com Lusa

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