GREVE GERAL MARCADA POR DETENÇÕES DE DELEGADOS SINDICAIS

O Primeiro dia da primeira fase da greve geral que visa paralisar a função pública até à próxima sexta-feira, por forma a pressionar o Executivo a proceder a melhorias salariais, ficou marcado pela detenção de vários delegados de greve que permanecem detidos nos departamentos do Serviço de Investigação Criminal (SIC). Furiosos com a detenção dos seus associados pelas autoridades policiais e de investigação criminal, que classificam como mecanismos do Executivo para inviabilizar o direito à greve, as centrais sindicais ameaçam evoluir para a realização de manifestações nacionais.

Por Geraldo José Letras

Em comunicado conjunto de balanço do primeiro dia da primeira fase da greve geral que arrancou em todo o país e em simultâneo, as centrais sindicais UNTA-CS, CGSILA e Força Sindical Angolana consideram-no positivo, pelo nível de adesão que chegou aos 95%, lamentando a detenção dos delegados de greve que denúncia “uma clara tentativa do Executivo inviabilizar o direito à greve”, pelo que exigem a imediata e incondicional libertação dos seus associados, sob pena de evoluírem a greve para uma onda de manifestações em todo o país.

Tratam-se dos sindicalistas, Abrão Messamessa Faustino (funcionário da educação), Narciso Chipalavela e Laurindo Chipesse Mário (ambos funcionários da ENDE) que até ao momento se encontram detidos nas instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) no Huambo.

À semelhança do que aconteceu em todo o país, na província de Cabinda, por exemplo, os alunos encontraram as escolas encerradas, os pacientes nos hospitais só recebiam tratamentos observados nas categorias dos serviços mínimos, muitas conservatórias ficaram mesmo encerradas, porquanto, os trabalhadores administrativos do Governo Provincial de Cabinda paralisaram totalmente os serviços. Pelo país, também algumas Administrações Municipais e Secretarias de Saúde observaram a greve.

Enfermeiros, professores, juízes, médicos, jornalistas, trabalhadores das conservatórias e outras instituições públicas aderiram à greve, deixando quase tudo parado.

Na província do Bié, chegam denúncias de que os professores passaram por torturas psicológicas com ameaças graves junto das entidades patronais, pelo que chegaram mesmo a pedir socorro urgente ao Sindicato da classe a que pertencem. “Estamos a ser obrigados a trabalhar”, lamentaram os homens e mulheres do giz.

A professora Juliana, por exemplo, relatou que foi obrigada a dar provas sob ameaças de que se se recusasse a trabalhar, enviariam as suas faltas à Direcção Provincial da Educação, e que sofreria “descontos estrondosos”.

Na província do Cuando Cubango, o cenário não foi diferente, as classes dos médicos, enfermeiros, professores, funcionários das conservatórias, administrações municipais, secretarias, gabinetes provinciais e outros sectores públicos foram ameaçados para que trabalhassem, muito embora muitos também desafiaram as ordens das entidades patronais e preferiram ficar em casa conforme orientação da greve.

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