A fome, agravada por atrasos salariais (já de si baixos), poderá estar a levar vários seguranças privados dos armazéns na cidade do Lubango, província da Huíla, a roubar – entre outros – bens alimentares.
Por Geraldo José Letras (*)
Na última sexta-feira, 8 de Dezembro, a Polícia Nacional na província da Huíla, através de uma operação realizada durante a madrugada, capturou em flagrante um total de seis seguranças privados, com idades entre os 22 e os 30 anos, enquanto assaltavam um armazém com recurso a arma de fogo já apreendida nos arredores do bairro Nambambe.
Quatro sacos de açúcar de 25kg, 10 sacos de açúcar de 5kg, 17 frascos de ketchup, 12 caixas de whisky Best, 2 caixas de Will Bull, uma caixa de Red bull e outros produtos fazem parte dos produtos recuperados pela Polícia Nacional que neste mês, mediante denúncias de assaltos em vários estabelecimentos comerciais, está a redobrar as suas operações.
Para seguranças privados ouvidos pela reportagem do Folha 8 na província da Huíla, a onda de roubos nos armazéns por estes profissionais deve-se a frequentes atrasos dos salários, já de si baixos, junto de proprietários estrangeiros que “humilham os angolanos”.
Outros atiram a culpa para o governo que “nada faz” para travar a subida dos preços da cesta básica desde a reeleição de João Lourenço para o seu segundo mandato.
“Já estamos em época festiva. Os preço dos produtos que compõem a cesta básica sobem assustadoramente nos mercados. Eles são chefes de família, logo não é de admirar que tenham assaltado os armazéns onde trabalham”, defende um funcionário da segurança de uma loja na cidade do Lubango, rua do Comércio sob anonimato.
No historial deste problema, recorde-se quem já em 2014 os sucessivos assaltos a estabelecimentos comerciais no Lubango mesmo com a presença de guardas afectos a algumas empresas privadas de segurança. Na altura, dois casos a implicar seguranças privados ocorreram nos arredores do Lubango.
Uma operação de combate e contenção do crime desencadeada à época pela Polícia Nacional, resultou com a detenção de um militar das forças especiais vulgo “comando” e usava uma arma que havia retirado de um guarda em serviço numa das agências bancárias espalhadas pela capital da Huíla.
Na altura, para o director em exercício da Polícia de Investigação Criminal, superintendente Samuel Ramos, os crimes a envolver seguranças privados exigiam que as empresas contratantes revissem a política de contratação.
“Aqui vai o nosso apelo para que as pessoas com estabelecimentos comerciais ajam com maior segurança e as empresas de segurança também devem rever os antecedentes desses indivíduos porque muitos deles têm cadastros criminais”, disse o superintendente Samuel Ramos.
A polícia não tinha dúvidas que muitas das pessoas contratadas para servirem as empresas privadas de segurança estão longe de responder às necessidades.
Por sua vez, o então porta-voz do Comando Provincial da Polícia, superintendente-chefe Paiva Tomás, avisava que a responsabilidade deve ser das empresas que por incumprimento da lei arriscam a ser encerradas.
“A fiscalização da polícia recai sobre as empresas e não nos guardas. Toda a situação que ocorrer a empresa é que paga. As medidas vão desde repreensões e se houver mesmo ilegalidade a empresa fecha. A polícia tem esta capacidade”, acrescentou.
(*) Com VoA