O Banco Nacional de Angola decidiu hoje aumentar a taxa de juro de referência para 18%, antes fixada em 17%, devido à trajectória crescente da inflação, e prevê continuar com uma política monetária restritiva, avançou o governador da instituição.
Manuel Tiago Dias falava à imprensa depois da reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola, reunido, em Luanda, segunda-feira e hoje, e explicou que a decisão se deveu à perspectiva de que este quadro inflacionário venha a comprometer o objectivo de se atingir a taxa de inflação de um dígito a médio prazo.
O CPM deliberou também o aumento da taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez para 18,5%, da taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez para 17,5%, adiantou o governador do Banco Nacional de Angola.
“A trajectória da inflação recomenda a manutenção do sentido restritivo da política monetária com vista ao seu alinhamento com o objectivo de médio prazo, situação que continuará a ser monitorada pelo Banco Nacional de Angola e que poderá levar à tomada de medidas adicionais caso se afigure necessário”, declarou Manuel Tiago Dias.
Outra decisão desta reunião foi aumentar em 18% o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional e, entretanto, eliminou a taxa de custódia sobre o excesso de reservas livres das instituições financeiras bancárias depositadas no BNA.
O governador do BNA sublinhou que o aumento das taxas surge depois de um período de observação da tendência inflacionária, que se mantém persistente, particularmente nos últimos três meses, com taxas que se fixaram acima dos 2% ao mês.
“Nós vínhamos até ao mês de Maio com uma tendência de redução da inflação e depois, nos meses de Maio e Junho, aconteceu uma redução muito substancial das disponibilidades em moeda estrangeira e consequentemente uma depreciação da nossa moeda na ordem dos 37%”, apontou Manuel Tiago Dias.
A isso, acrescentou o governador do BNA, juntou-se ainda o aumento de preços na sequência da redução dos subsídios aos combustíveis, particularmente da gasolina, tendo o banco central perspectivado que todos estes factores teriam um impacto na inflação durante aproximadamente três meses, o que não aconteceu persistindo o aumento dos preços na economia angolana.
Manuel Tiago Dias disse que o saldo superavitário da conta de bens fixou-se em 16,8 mil milhões de dólares (15,4 mil milhões de euros) nos dez primeiros meses deste ano, registando-se uma redução de 12 mil milhões de dólares (11 mil milhões de euros) face ao período homólogo, reflexo da redução das receitas de exportação em 13,9 mil milhões de dólares (12,7 mil milhões de euros).
“Como consequência, a oferta de divisas no mercado cambial situou-se em 8,4 mil milhões de dólares (7,7 mil milhões de euros), uma redução de 28,7% comparativamente ao montante transaccionado no mesmo período do ano passado”, referiu.
De acordo com o governador do banco central angolano, no final de Outubro passado o ‘stock’ das reservas internacionais fixou-se em 14,2 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros), o correspondente a um grau de cobertura de mais de sete meses de importação de bens e serviços.
Lusa
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