A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) e a Azule Energy assinaram hoje em Luanda um memorando de entendimento para “impulsionar iniciativas de descarbonização no país e promover o uso de energias limpas”. Tudo indica que as grandes superfícies alimentares, criados pelo Governo de João Lourenço para alimentar a “preços baixos” os 20 milhões de pobres, irão ter também “energias limpas”. Estamos, é claro, a falar das… lixeiras!
Num comunicado hoje divulgado, ficamos todos a saber que “os principais objectivos que norteiam a assinatura deste memorando incluem a identificação de interesses comuns no processo de descarbonização, o estabelecimento de uma estrutura robusta para avaliar os possíveis pontos de colaboração e a exploração de oportunidades de projectos de energias renováveis como a solar e eólica, negócios de baixo carbono, hidrogénio azul, e soluções baseadas na natureza, como conservação florestal e a promoção do uso de fogões eficientes”.
De acordo com o texto, assinado durante a Conferência Angola Oil & Gas, que decorre esta semana em Luanda, a parceria hoje anunciada vai também “realizar estudos conjuntos sobre impostos e créditos sobre emissões de carbono, e ao mesmo tempo promover a existência de legislação nacional mais clara e melhores práticas no sector”.
Citado no comunicado, o CEO da Azule Energy, Adriano Mongini, afirmou que “o processo de descarbonização é parte da missão da Azule Energy, com o intuito de fortalecer o sector energético angolano, ao mesmo tempo que o país trabalha para atingir a neutralidade carbónica e outros objectivos de desenvolvimento sustentável”.
A Azule Energy é uma empresa sedeada em Angola e produz cerca de 220 mil barris de petróleo, apoiando Angola no suposto desenvolvimento do sector energético e na sua transição para fontes mais limpas, lê-se ainda no comunicado, que não especifica os termos do memorando.
Angola pode exportar hidrogénio verde em 2025
Angola poderá exportar hidrogénio verde em forma de amónia, em 2025, na sequência dos avanços que o país regista no domínio das energias renováveis, afirmou o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, na 9.ª edição do Diálogo de Transição Energética de Berlim (Alemanha).
No certame (que decorreu de 28 a 29 de Março), sob o lema “Garantindo um Futuro Verde”, o ministro adiantou que, além da exportação, o país vai igualmente fazer uso do mesmo produto, “que pode ser extremamente útil para a agricultura”.
“O país poderá gerar mais postos de trabalho com a criação de uma nova indústria de hidrogénio, assim como aproveitar o capital humano e o conhecimento da indústria petrolífera para qualificar este novo sector”, realçou o governante, ao fazer uma abordagem geral sobre o estado e avanços das energias renováveis em Angola.
Com representantes de mais de 130 países, perto de duas mil pessoas, e 100 palestrantes de alto nível (como é timbre do MPLA), o fórum teve lugar na sede do Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros. João Baptista Borges participou no painel sobre “Descarbonização da Indústria – Histórias de Sucesso e Desafios da Economia Global do Hidrogénio”.
Entre outros, foram debatidos temas que visam implementar as metas climáticas globalmente acordadas e investir em sistemas de energia sustentável acessíveis a todos, a produção de hidrogénio verde, neutralidade climática, segurança do fornecimento de energias limpas e por uma transição climática, que pode ser implementada de forma socialmente justa, especialmente em países do Sul do Globo.
O Diálogo de Transição Energética de Berlim foi criado em 2015 e tornou-se num dos fóruns mais importantes do mundo sobre a Transição Energética Global. Constitui uma iniciativa conjunta da Federação Alemã de Energia Renovável, da Associação Solar Alemã, da Agência Alemã de Energia e da Eclareon, apoiada pelo Governo alemão.
Ainda no âmbito da venda de banha de cobra (descarbonizada) registe-se que o MPLA prometeu (mais uma vez) que Angola está a procurar alternativas para a descarbonização da sua matriz energética para alcançar os 70% de fontes de energias renováveis até 2025, segundo o secretário de Estado para o Petróleo e Gás, José Barroso.
De acordo com o governante, o sector está a dar passos importantes para a descarbonização da indústria petrolífera e tem efectuado campanhas que visam estabelecer um inventário de emissões no país.
Para se encontrar soluções que permitam o desenvolvimento contínuo e o célere potencial petrolífero, “cada vez mais amigo do ambiente”, o responsável disse que o sector trabalha em colaboração com o programa das Nações Unidas e com algumas empresas que operam no mercado, tendo já começado a apresentar iniciativas próprias que permitirão reduzir as emissões de carbono nas suas operações.
A transição energética, segundo José Barroso, significa para Angola continuar a explorar e produzir os seus recursos, com níveis de emissões de gases de efeito estufa tão baixos para permitir a viabilidade técnica e económica e com as receitas daí resultantes financiar a introdução de fontes de energia mais limpas.
Em 2022, durante a 2ª Conferência sobre Ambiente e Desenvolvimento, o consultor associado da KPMG, Pedro Cruz, apresentou um estudo segundo o qual para atingir a referida meta estabelecida pelo Governo, Angola tem de investir cerca de 23,3 mil milhões de dólares.
Este estudo clarifica que com fontes de energia limpa, Angola passa a ser responsável por 4,8 toneladas métricas de dióxido de carbono. Estas projecções indicam que, para viabilizar as metas definidas, o sector privado deve participar com investimentos na produção de energias limpas com 7,7 mil milhões de dólares, numa fase em que o sector público entra com 4,4 mil milhões.
Além disso, o sector público deve empregar 3,9 mil milhões de dólares em linhas de transporte de energia e outros três mil milhões em projectos em áreas urbanas, onde o sector privado entra com 2,3 mil milhões. A electrificação das zonas rurais vai custar ao sector público dois mil milhões de dólares, contra apenas 200 milhões ao sector privado.
O investimento total na produção e distribuição conta-se, assim, em 11,5 mil milhões de dólares para o sector público e 9,8 mil milhões para o privado, acrescidos dois mil milhões de dólares para a gestão privada dos projectos.
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