O Presidente da República, João Lourenço, acompanhado (como é regra numa democracia e num Estado de Direito) pelo Presidente do MPLA e pelo Titular do Pode Executivo, ressaltou, esta segunda-feira, a importância estratégica do Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD) e das refinarias em construção em Angola, que vão contribuir para a exportação de derivados de petróleo. É obra, reconheça-se.
Ao falar à imprensa devidamente seleccionada, no final da visita de constatação às obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande, que se encontram com uma execução na ordem de 63 por cento, o Chefe de Estado indicou que a política do Executivo é exportar, de preferência produtos refinados e não apenas o petróleo em bruto. Quem diria?
“Esta infra-estrutura surge, precisamente, não apenas para assegurar que não faltem produtos refinados para consumo no país, como também para termos maior oferta de produtos refinados para e exportação”, afirmou. A erudição de João Lourenço é de tal ordem que até ele próprio se deve interrogar sobre a origem de tão elevado conhecimento estratégico.
O Presidente sublinhou a importância da conclusão das obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande e das refinarias do Lobito (Benguela) e do Soyo (Zaire), “porque uma produz e outra faz a estocagem”.
De acordo com o Chefe de Estado (não nominalmente eleito), esses projectos são de grande valia estratégica para o país, “porque hoje fala-se de segurança energética e para se ter segurança energética é preciso ter a garantia de produção de energia, por um lado, e por outro, ter uma grande capacidade de estocagem de combustível”. Brilhante.
O Presidente João Lourenço sublinhou que “o país felizmente acordou” e está a construir refinarias. O país não, mas o MPLA demorou 48 anos a acordar (ao que parece), mas não se sabe se não está já cansado e prestes a voltar a hibernar.
“É incompreensível que um país como o nosso, como o segundo maior produtor de petróleo a sul do Sahara, depois da Nigéria, tivesse apenas a refinaria de Luanda como única unidade de refinação, portanto, em boa hora tomamos a decisão de criar capacidade para refinar uma boa parte do crude que nós exploramos”, assinalou o general João Lourenço.
Para além da refinaria do Lobito, o Presidente da República disse que vai surgir também a de Cabinda, cuja data de inauguração está prevista para o final do próximo ano, mesmo altura da conclusão das obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande.
Em relação à refinaria do Soyo, o Chefe de Estado disse que a qualquer momento as obras vão arrancar. Falta quase para pouco. E se o general o diz é mesmo… mentira.
“Na refinaria do Lobito, que já retomamos, e caso não tenhamos constrangimentos de ordem orçamental, o que está por se fazer é algo que se faz em cerca de três anos”, disse João Lourenço, que manifestou-se satisfeito pelo nível de execução das obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande.
“O nível de execução das obras é satisfatório e a obra termina em princípio dentro de um ano, estamos a pensar em inaugurar em Novembro do próximo ano, mês da independência, embora as indicações que recebemos é que a obra termina muito antes do mês de Novembro do próximo ano”, observou.
A (MEGALO)MANIA FARAÓNICA
O mesmo Governo do general João Lourenço assinou no dia de 21 de Julho de 2022 o contrato para a gestão da zona franca da barra do Dande, que implica investimentos de 600 milhões de dólares em infra-estruturas e um investimento privado de 950 milhões de dólares.
O “contrato” para reconhecer que os nossos 20 milhões de pobres também são angolanos foi, contudo, adiado “sine die”.
“A Fase 1 deste projecto vai incidir sobre 860 hectares, aproximadamente 16% da área total afecta à concessão; implica um conjunto de investimentos infra-estruturais de cerca 600 milhões de dólares [589 milhões de euros] e um investimento privado de aproximadamente 950 milhões de dólares [933 milhões de euros]”, disse o ministro dos Transportes, Ricardo Daniel Sandão Queirós Viegas de Abreu, durante a sessão de assinatura do contrato de gestão.
A Sociedade de Desenvolvimento da Barra do Dande e o Ministério da Economia e do Planeamento (MEP) assinaram nesse dia o contrato de concessão para a gestão da Zona Franca de Desenvolvimento Integrado da Barra do Dande (ZFDIBD), um acordo válido por 30 anos e que deverá criar 21 mil postos de trabalho, valendo até 2% do Produto Interno Bruto nos próximos dez anos, salientou Ricardo Viegas de Abreu.
Localizada na Comuna da Barra do Dande, na Província do Bengo, a nova zona franca vai operar principalmente nas áreas de armazenagem, processamento alimentar, metalomecânica, montagem e peças automóveis e painéis solares e energias alternativas, apontou o governante no discurso.
“É um projecto com componentes produtivas acentuadas, designadamente um terminal portuário, complementadas com condicionantes infra-estruturais a nível da captação e tratamento de água e de resíduos, central de energia, ligações terrestres rodoviárias e ferroviárias, zonas residenciais e empreendimentos turísticos”, referiu o governante, que salientou que “para responder às necessidades sociais considera a construção dum centro de inovação e formação profissional, e dum hospital, assim como o enquadramento socioeconómico das comunidades locais”.
Ricardo Viegas de Abreu disse ainda que a primeira fase já tinha os estudos concluídos e os projectos a implementar serão no valor de 1,5 mil milhões de dólares [1,4 mil milhões de euros], dos quais 86% serão assegurados pelo sector privado, cabendo ao sector público a construção das infra-estruturas básicas internas e externas, fundamentais para a atracção dos investidores”.