O país está em crise. As políticas económicas e o programa do FMI não resultaram porque os gastos com banalidades foram superiores ao que se pediu de financiamento.
Por William Tonet
O programa económico e social reinante está banhado por futilidades, vaidades, vinganças, perseguições aos adversários políticos e membros da sociedade civil têm estado a contribuir para o aumento da rejeição popular, contra o partido da situação.
A alimentação de base atinge, neste mês de Agosto de 2023, preços assustadores e criminosos, sob a cumplicidade do Executivo, atentando contra a cidadania.
Os juros bancários, actuais (Agosto/23) que significam o preço do “aluguer” do dinheiro por um período de tempo; percentual calculado pela divisão dos juros contratados pelo capital emprestado/poupado. Se os juros cobrados pelo empréstimo de AO 10.000 (dez mil kwanzas) durante um ano forem AO 19,00, significa que o empreendedor pagou uma taxa de juros de 19% a.a. (ao ano) e é elevada para uma economia dependente de matérias-primas e peças sobressalentes do exterior.
A cega opção pelo neoliberalismo, numa economia dependente, com fraquíssima produção interna e inexistência de transformação das principais matérias-primas, mostra uma geografia mental obtusa, infantil e complexada da equipa económica.
O sistema e visão bancária, imposto pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), implantado por Manuel Júnior e José de Lima Massano e apoiado, cegamente, pelo Titular do Poder Executivo, é danoso e doloso, por “ab initium” (de início) afastar o angolano do centro do orçamento.
Inexiste, até este momento, qualquer estratégia capaz de financiar, sem a corda ao pescoço, projectos reais e empoderar empreendedores angolanos.
A soberania económica está dominada pela nova colonização fundamentalista islâmica, um claro crime contra a maioria dos 20 milhões de autóctones pobres, empurrados desde 2018 para os contentores e monturos de lixo, como reserva alimentar, para ludibriar o estômago, visando prolongar a vida e adiar a morte.
O poder, nesta caminhada barroca, afasta-se do objecto fundante: servir o cidadão, transformando-se num verdadeiro monstro, que arrasa famílias e comunidades, numa épica arrogância, com o nariz empinado para Marte, na presunção de o povo aceitar, eternamente, esta dominação e subjugação.
As mentes dos pobres começaram a liberta-se e a intelectualizar-se nas bibliotecas do sofrimento, visando a criação de um verdadeiro exército de consciência cívica, visando a proclamação de um novo país, livre das amarras da opressão e subjugação em defesa dos “angolensis”, em risco de extinção, se nada for feito, agora. Amanhã será tarde, ante a multiplicação da espécie opressora, que transforma Angola numa grande maternidade e lavandaria do Estado Islâmico Radical. Neste momento, segundo estatísticas de agências de rastreamento, uma das fontes de abastecimento financeiro do Estado Islâmico e dos seus braços armados: Boko Haram, Al-Qaeda, Talibã é a comunidade fundamentalista islâmica de Angola, com cerca de 20 milhões de dólares/ano.
É hora das autoridades de Segurança de Estado inspeccionarem melhor as movimentações financeiras e comerciais, bem como o controlo dos contentores de exportação. As contas e transferências bancárias devem, igualmente, merecer um maior escrutínio.
Neste momento, os empreendimentos desta comunidade estão localizados em sítios e zonas estratégicas de todas as províncias do país, denotando, a céu aberto, uma estratégia milimetricamente traçada para quadricular o país.
É confrangedor a reacção de políticos robotizados, insensíveis aos gemeres e sentires da maioria dos famintos, que calcorreia na bancada do MPLA e se espraia pelos órgãos do Executivo.
De maneira firme, o MPLA está a avisar de maneira igualmente muito firme, a oposição e sociedade civil, estar disposto a tudo para se perpetuar no poder, inclusive a guerra, mas este gesto de fingir ter o controlo das forças de Defesa e Segurança, pode ser um engodo.
Os povos estão descrentes. Não acreditam no discurso e promessas do Titular do Poder Executivo e também estão dispostos a enfrentar a força bruta da repressão policial e militar, ensaiando formas de enfrentamento, impensáveis, ontem.
A forma cega como os principais bocas de aluguer se prestam na crítica da exclusão da oposição e sociedade civil não ajuda a blindar a imagem de João Lourenço. Ao contrário, estão a “empurrar” os exércitos de famintos, desempregados, zungueiras, ambulantes e agricultores pobres, para a posição de confrontação – e não pode, o Presidente da República, senhor de todos os poderes, ficar tranquilo.
O povo tem a seu favor o tempo. João Lourenço, um incipiente mandato, de quatro anos, com uma gestão periclitante e dependente do capital estrangeiro, sendo esta a pior forma de gerir o consulado.
O Executivo não tem, na esfera política, um articulador político, com higiene intelectual, capaz de cativar na transmissão da mensagem, mesmo aldrabando os cidadãos, excepção na esfera da Segurança de Estado, mas indefinido na Polícia e Forças Armadas, onde o nível de descontentamento sobe em espiral.
O MPLA ao invés de insistir numa térmica deveria, lendo os sinais dos tempos, mostrar ser um partido com coluna vertebral e, de duas uma; impor uma mudança drástica da política do Executivo, “nacionalizando” o comércio alimentar primário, institucionalizar parcerias económicas através de sociedades mistas, retirar o IVA e baixar os preços dos produtos da cesta básica, mostrando não ser uma força acéfala. Na recusa, retirar confiança ao Titular do Poder Executivo, cujos interesses, não suplantam aos de um partido, cuja tarefa, nesta fase, é evitar danos maiores.
A ausência de uma estratégia pragmática, aumenta as fissuras internas no MPLA afastando-o, todos os dias, das bases sociais de apoio, que gravitam ao redor da fome, inflação, desemprego e obrigação de comerem nos contentores de lixo. Os militantes recordam com nostalgia o ex-líder, retirando apoio ao actual, João Lourenço, a quem atribuem responsabilidade perla imagem desgarrada do MPLA junto da sociedade.
É preciso uma verdadeira conciliação e reconciliação interna, capaz de o salvar da hecatombe igual a do “titanic”.
A sociedade civil, não bajuladora, aumenta consciência e vai abrindo espaços, construindo caminhos, tendente a encontrar uma saída, para a libertação. Uma libertação das amarras do “new colonialism” ocidental, islâmico e do colonialismo negro, capacho das anacrónicas políticas das instituições de Bretton Woods.
Angola carece de uma independência imaterial, capaz de afastar o poder de ardilosos golpes constitucionais (MPLA tem sido exímio), apoiados por mercenários constitucionalistas ocidentais, com destaque para os portugueses… que alimentam o(s) regime(s) através do poder do fúsil, como, agora “pipoca”, na África do Oeste, com os sucessivos golpes de Estado, que apontam a bússola para a Rússia, também, império das armas, mas acreditando ser a tábua de salvação para o desenvolvimento e auto suficiência alimentar, negligenciado, pelo ocidente, depois do fim do colonialismo, faz mais de 45, 50 e 60 anos, em alguns países.
Os verdadeiros patriotas, em Angola e África, devem iniciar sérias aproximações e negociações, visando a elaboração de uma nova Carta Africana, capaz de, em alguns eixos fronteiriços, contrariar os traços geográficos erguidos pelos escravocratas e colonialistas ocidentais, que sem a presença dos nossos ancestrais, na Conferência de Berlim, “talhonaram” África.
Um conclave, onde os principais reinos, que pela ambição colonial, viram divididos os seus povos, famílias e cidadanias, para se transformarem em países, deveriam estar presentes, visando a reposição da verdade histórica.
A África tem de ver emergir uma nova União dos Estados Africanos, com um parlamento democrático, integrada por países com verdadeiras Constituições, onde a Educação, Reforma Agrária, fomento da produção agrícola, para a auto-suficiência alimentar, transformação obrigatória das matérias -primas, soberania total sobre as terras, águas e mares, proibição de bases militares de países estrangeiros, saúde, órgãos do Estado fortes e independentes e Democracia, estejam em posição cimeira entre as normas jurídico constitucionais.
A criação de um Banco Central, sob gestão exclusiva de técnicos africanos, responsável pela emissão de uma moeda africana, num prazo de cinco anos, que legitime a exportação dos produtos de todos Estados membros é imperiosa.
Um Tribunal Internacional Africano para julgar os crimes contra, direitos humanos, eleitorais, económicos, escravatura, corrupção, proibindo a extradição para outros continentes. Outra competência seria avaliar as consequência da escravatura e colonialismo, quanto ao roubo de património dos países e povos, os danos psicológicos causados pelos excessos deste período e a posterior colonização mental.
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