Mais de 3.400 pessoas morreram este ano nas águas do Mediterrâneo enquanto tentavam chegar à Europa, segundo a agência das Nações Unidas para os refugiados.
D esde o início do ano, mais de 207 mil pessoas fizeram a perigosa travessia marítima, quase três vezes o número dos que arriscaram em 2011 durante a guerra civil na Líbia (70 mil), segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Destes, 3.419 morreram, um número recorde, tendo em conta o total de mortes de migrantes em barcos em todo o mundo, este ano (4.272). A maioria das pessoas partiu da Líbia em direcção a Itália e Malta, em busca de emprego ou asilo – os números incluem 60.051 sírios e 34.561 eritreus.
Os dados foram divulgados no início de uma reunião de dois dias em Genebra com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, em que se discutem formas de proteger as pessoas que se arriscam a fazer estas travessias para escapar perseguições, guerras, instabilidade e pobreza.
Guterres alertou que muitos Estados parecem estar mais preocupados em defender as fronteiras do que prevenir as mortes. “É um erro, e é precisamente uma má reacção num período em que um número recorde de pessoas fogem da guerra”, disse António Guterres. “Todos os países têm preocupações de segurança e gestão da imigração, mas as políticas devem ser concebidas para que não levem a que vidas humanas sejam danos colaterais”, alertou.
O Alto Comissário considera que os governos devem oferecer alternativas legais – através da reinstalação, das autorizações humanitárias e da facilitação da reunificação familiar – a esses viajantes para garantir que as pessoas desesperadas tenham direito à protecção e ao asilo.
“Estes números são uma nova etapa”, disse ainda Adrian Edwards, porta-voz do ACNUR. “Sentimo-nos desanimados pelo crescente número de vítimas entre os que pedem asilo, devido à falta de escrúpulos dos traficantes, em naufrágios de fracas embarcações”, sublinhou.
A última tragédia ocorreu esta segunda-feira, a 100 milhas da ilha italiana de Lampedusa, quando o naufrágio de uma barcaça causou a morte de 17 pessoas e o desaparecimento de outras 200, das cerca de 400 que se calcula que viajavam ali.
O ACNUR lançou uma campanha de informação em associação com a Guarda Costeira da Líbia, organizações não governamentais, parceiros da ONU e requerentes de asilo para informar as pessoas dos verdadeiros riscos associados às viagens no mar.