A nova Administração espanhola da TAAG não deixa de dar bandeira e só será responsabilizada pela sua catastrófica e criminosa gestão um dia, quiçá quando um dos aviões que mais não são do que um amontoado de sucatas, alugados a peso de ouro, cair. E já faltou mais…
Hoje, 19 de Março, o pior, felizmente, não aconteceu e mais de 100 passageiros ficaram são e salvos depois de terem sido retirados do interior de uma das sucatas com asas, de cor branca, da empresa portuguesa, HiFly, alugadas pela TAAG, com a matrícula DT 651, por avaria do reactor esquerdo, que não estava a corresponder, mesmo depois de várias tentativas.
“Metade dos passageiros já nos encontrávamos no interior do avião e sentíamos barulho da chaparia e calor” denunciou ao Folha 8, Miguel António, certamente dando graças a Deus por a avaria ter sido detectada ainda em terra.
O estranho, segundo outra passageira, Maria José, é “não só a presença do ministro dos Transportes, que esteve no Japão, já passar por Lisboa, como se tivesse vindo recolher os dividendos, deste aluguer milionário e assassino de aeronaves em piores condições do que os nossos candongueiros (táxis colectivos, azuis e branco)”, disse acrescentando; “se ele não participasse nessa roubalheira corrupta, teria, na hora, porque estava aqui no aeroporto, acabado com o este contrato criminoso, que um dia, não muito distante ele e o Presidente vão ter de prestar contas. Esse é mesmo comportamento de mafiosos gatunos”.
Na realidade o ministro dos Transportes, Ricardo Abreu não estava na sala protocolar, mas no grande hall, rodeado de amigos empresários e passageiros de traje informal, sendo que se houvesse alteração dos ânimos dos passageiros pelas constantes falhas desta empresa poderia ser, publicamente, enxovalhado.
“Este senhor, para além de incompetente é um provocador, pois ele sente-se confortável com esta incompetência da empresa portuguesa da qual deve ser sócio, que remete os nossos aviões, mais novos e de superior qualidade, criminosamente, para o cemitério, levando o país a perder milhões de dólares, mensalmente. Estes senhores são da pior espécie criminosa”, denunciou Alexandre Sivonde.
Na realidade a situação da TAAG é bastante crítica e a continuar com uma Administração incompetente, que com a ajuda activa ou conivência passivado Presidente da República, João Lourenço estão a desbaratar o património, vendendo-o a preço de banana, para além de estarem a desviar aviões.
Um avião está escondido em Israel, outro foi desviado para Cabo Verde e, muito provavelmente, não serão reintegrados na esfera pública.
Em função deste rocambolesco incidente, um passageiro denunciou o estado calamitoso da companhia de bandeira nacional: “Os passageiros encontravam-se na sala de embarque sem qualquer explicação e informação, sem saber se ainda viajam hoje para Luanda ou não”, disse, acrescentando:
“A nossa TAAG, já não muda e há quem diga que esta aeronave de cor branca é o pior dos aviões alugados, com péssimos problemas técnicos, desde os reactores, ar condicionado, bancos, incluindo a má prestação de serviço da tripulação a bordo. Noutras paragens, já dava exoneração do próprio ministro até do Conselho de Administração da TAAG”.
Mais: “Angolano sofre até no estrangeiro, isto só pode ser praga! Deus nos acuda só por favor! Já não temos a quem pedir socorro, o próprio ministro dos Transportes está a presenciar isto. O Presidente da República insiste em trabalhar com uma equipa que falhou no quinquénio passado e continua a falhar neste novo. Há quem já não queira viajar nesta aeronave por medo. Devíamos pedir contas a Ricardo de Abreu, mas ele está aqui, então pedimos a sua excelência senhor Presidente da República, João Lourenço, os nossos aviões da TAAG de volta, até porque são mais novos do que estes velhos Airbus”.
“Joint venture” entre TAAG e TACV não saiu do papel
Recorde-se, até para avaliar a incompetência do Executivo do MPLA, que um ano depois de o Presidente João Lourenço anunciar a criação de uma “joint Venture” entre a TAAG e a TACV, que permitiria aos aviões da companhia angolana utilizar Cabo Verde para ligar outras cidades da África Ocidental, da Europa e dos Estados Unidos da América, nada saiu do rol da propaganda oficial.
Fernando Gil Évora antigo gestor dos transportes aéreos vê, em declarações à VoA, o atraso na operacionalidade da anunciada “joint venture”, devido ao processo de estruturação que a TAAG e os TACV estão a passar, mas acredita que o projecto tem condições para ser viável.
Em Março do ano passado, aquando da visita oficial que realizou ao arquipélago, João Lourenço disse que recomeço dos voos da TAAG estaria para breve, isso depois da afinação de alguns pormenores.
Na altura, depois do encontro com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, o chefe de Estado angolano acrescentou que o seu Governo queria aproveitar a passagem dos aviões da TAAG por Cabo Verde para, “a partir daqui operarmos para várias capitais da região Ocidental de África e também para os Estados Unidos da América”.
Um ano depois, o antigo gestor da TACV, Gil Évora, diz que o atraso está ligado ao processo de reestruturação por que passam as duas campainhas.
“A TAAG ainda não teria as aeronaves suficientes para incluir dentro desse projecto que foi anunciado pelo Chefe de Estado angolano e acredito que a TACV estava a atravessar momentos difíceis que não lhe permitia entrar de cabeça na referida operação”, avançou Gil Évora, para quem o projecto tem tudo para dar certo tendo em conta a “capacidade em termos de aviões por parte de Angola e o network de Cabo Verde”.
Por outro lado, o comandante e antigo administrador operacional da TACV, Mário Socorro, que participou nas negociações em 2017 com homólogos da TAAG, afirma que ambas as companhias precisam de afinar os respectivos processos de reestruturação e organização funcional, mas considera que o projecto caso seja concretizado pode trazer benefícios para os dois lados.
“Se realmente avançar, será uma operação rentável para as duas transportadoras aéreas… importa neste momento ver se a TACV tem todas as certificações ETOP renovadas… mas não constituirá grande problema porque o pessoal tem formação e experiencia”, completa.
Enquanto isso, o presidente da Camara do Comércio de Sotavento, Marcos Rodrigues, diz a que suspensão dos voos de Angola praticamente deitou por terra qualquer iniciativa empresarial entre os dois países.
“Basta analisar que no passado quando a TAAG fazia a ligação Luanda/São Tomé/Praia já se estava a verificar alguma dinâmica empresarial e também na circulação de mercadorias”, lembra Marcos Rodrigues.
Refira-se que a transportadora aérea cabo-verdiana retomou as operações para Lisboa, utilizando um aparelho da companhia angolana, no regime de wet leasing.
Recorde-se que em Fevereiro passado, num comunicado dirigidos aos seus associados, o SINPROPNC (Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine da TAAG) tinha como palavras de ordem: “Devolvam a nossa TAAG”, “Abaixo a má gestão” e “Fora a HiFly”.
O sindicato apontava vários problemas, sublinhando que as reivindicações apresentadas à administração da companhia, actualmente encabeçada pelo presidente executivo, o espanhol Eduardo Soria, não foram resolvidas. “A verdade é que as coisas continuam de mal a pior”, afirmam. Em causa estava o pagamento de ajudas de custo, discriminações a nível de pagamentos, gestão dos cartões e o contrato de aluguer com a HiFly.
“Não nos podemos esquecer: a TAAG é nossa, é uma empresa angolana e deve servir Angola e os angolanos, e não empresas estrangeiras como está a acontecer com a HiFly (que fruto do acordo com a TAAG não para de recrutar tripulantes) e a FLY.AO, que contratou uma companhia vinda da Mongólia e que foi subcontratada pela TAAG, quando temos aviões e tripulações locais”, contesta o sindicato.
No ano passado, as Linhas Aéreas de Angola (TAAG) contrataram à portuguesa HiFly uma aeronave Airbus A330 para a ligação Luanda-Lisboa-Luanda, em regime de ‘wet leasing’, um tipo de contrato que garante, além do avião, a disponibilização da tripulação completa, manutenção e seguro do aparelho.
“Esta decisão coincide justamente com o trabalho de manutenção que está a decorrer e que a TAAG está a realizar em parte da sua frota internacional, respectivamente o modelo Boeing 777-300ER”, segundo uma nota divulgada na altura pela companhia.
A TAAG concluiu, no final do ano passado, acordos com todos os sindicatos – Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine (SINPROPNC), Sindicato dos Pilotos de Linha Aérea (SPLA) e Bureau Sindical — dos quais constam a fase de operacionalização e implementação das componentes remuneratórias aplicáveis, que não foram divulgadas.